São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CULTURAL Maluf, Alckmin e Genoino falam à Folha sobre suas prioridades, leis de incentivo, pirataria e TV Cultura Compare as propostas dos candidatos
DA REPORTAGEM LOCAL
Paulo Maluf - Deve participar inclusive através dos seus órgãos jurídicos. Deve cooperar com a esfera federal. Apoiar, divulgar, sugerir. Jamais ausentar-se. Geraldo Alckmin - Estamos de tal
forma empenhados em coibir este
tipo de crime, que atinge a produção intelectual do cidadão, que
implantamos no começo deste
ano a primeira delegacia antipirataria. É a Delegacia Especializada
no Combate ao Crime Contra a
Propriedade Imaterial, que vem
realizando apreensões de grande
vulto. José Genoino - A pirataria tornou-se um mal para a produtora,
para o artista e para o poder público, que deixa de arrecadar impostos. Paulo Maluf - A TV Cultura, regida pelo direito privado, merecerá
todo o nosso apoio. É uma TV pública, que deve estimular a criatividade, sempre em sintonia com a
defesa de valores universais, que
integram a cultura globalizada de
hoje, como a democracia, a proteção do meio ambiente, a liberação
da mulher, entre outros. Geraldo Alckmin - O governo
vem aumentando o orçamento da
TV Cultura e pretende continuar
nessa política. A lei prevê que ela
deve receber subvenção pública
anual, fixada em orçamento. Ela
tem autonomia. Quem decide em
relação à TV é seu conselho curador. A TV Cultura, à semelhança
de todas as TVs culturais importantes no mundo, tem participação do Estado. O que não impede
que a fundação faça parcerias
com o setor privado. José Genoino - A TV Cultura não
pode ser encarada como uma TV
comercial. Ela tem uma vocação e
finalidade diferenciadas, orientadas para a educação e cultura.
Pretendo fortalecer a TV Cultura
como uma TV pública e pluralista. Ela não será porta-voz do governo. O ideal seria que a TV Cultura equilibrasse seu orçamento
entre iniciativas próprias e subsídios governamentais. Paulo Maluf - Reforçando a presença do Estado através do diálogo e de parcerias. E mantendo
contato direto e permanente com
essas regiões. Geraldo Alckmin - Continuaremos com projetos como as orquestras do Guri, o Gosto de Ler,
que atingem milhares de crianças
das escolas do interior, ou do Arquimedes, que atende áreas da
periferia. Propostas como as Fábricas de Cultura, em parceria
com o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], permitirão que as pessoas das áreas mais carentes tenham acesso às
atividades culturais. Temos o
Centro Cultural que será implantado no complexo Carandiru ou
aquele que está sendo implantado
na Febem Imigrantes. José Genoino - Implantaremos
um projeto estadual de acesso à
cultura, que procurará disponibilizar estruturas físicas que possibilitem atividades culturais. Por
exemplo, a adaptação de escolas
públicas, que serão abertas para
as comunidades carentes nos finais de semana. Deve-se garantir
que as manifestações culturais
cheguem às comunidades, fazendo com que elas criem e promovam manifestações artísticas próprias. Esse projeto será concebido
como um instrumento de educação e formação. Paulo Maluf - Nossas prioridades
são o pleno uso dos equipamentos existentes, o estímulo às atividades culturais e a democratização do acesso à cultura. É como fizemos na prefeitura, com 2.000
eventos culturais mensais, mais
de 90% deles oferecidos de graça à
população. Geraldo Alckmin - Não é possível
privilegiar este ou aquele segmento quando se fala em cultura. Afinal, tudo o que você faz é, em última análise, um ato cultural. Portanto precisamos de belos museus, de ótimas orquestras e de cada vez mais gente indo ao teatro,
ao circo e a salas de exposição.
Também é urgente implantar
mais oficinas culturais, implementar programas de incentivo
às tradições regionais e ao folclore, especialmente agora, neste
mundo globalizado, onde a identidade cultural do nosso povo fica
cada vez mais esgarçada. José Genoino - O meu programa
de governo para a área cultural se
estrutura em torno de duas diretrizes básicas: cultura para o desenvolvimento da cidadania e fomento ao sistema de produção
cultural. Paulo Maluf - As leis de incentivo
fiscal pedem hoje uma revisão. Há
especialistas cuidando disso. Geraldo Alckmin - No Estado de
São Paulo, não existe lei de incentivo fiscal à cultura, já que nosso
tributo único é o ICMS, e, pela legislação federal, é inviável estabelecer renúncias fiscais sobre este
tipo de imposto. José Genoino - Penso que as leis
de incentivo fiscal à cultura são
necessárias. No entanto, até pelo
histórico de problemas que a área
vem apresentando, acredito que é
preciso a definição de critérios
mais claros sobre o caráter dos
projetos incentivados e mais
transparência nas seleções de
projetos. Números referentes à pesquisa do Datafolha de 15 e 16 de agosto Texto Anterior: Pires na mão Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice |
|