São Paulo, quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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MÚSICA

Marisa Orth canta personagens em CD solo

Canções românticas vêm filtradas pelo humor e pela ironia habituais da atriz

Álbum, que traz canções de Roberto e Erasmo Carlos, Tim Maia, Rita Lee e Tom Jobim, é registro em estúdio do espetáculo homônimo

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na parede de sua sala de estar, na casa onde mora em São Paulo, Marisa Orth tem pendurado um quadro que ganhou de Rita Lee, nos tempos em que as duas dividiam o sofá no programa "Saia Justa". Gravuras coladas lado a lado pela própria roqueira, enfileirando mulheres de personalidades bem distintas, feito a vilã Joan Crawford empunhando um machado, a abusada Bettie Page em figurino erótico, a mocinha sofredora de "O Cérebro que Não Queria Morrer" (1962), uma pin-up de posto de gasolina.
"Rita me disse que eu sou todas elas", Marisa conta, rindo, enquanto faz pose para a foto que ilustra esta reportagem. "Ah, e a primeira pergunta da entrevista sou eu que vou fazer: você gostou do meu disco?"
É, a atriz acaba de lançar seu primeiro trabalho como cantora solo, que apesar de ser o primeiro, se chama "Romance Vol. 2". "Adoro que as pessoas sempre me dizem: "Ah, que pena, eu perdi o primeiro"."
O álbum registra, em estúdio, parte considerável do repertório que ela tem mostrado, nas noites de quinta-feira, no show homônimo .
"Minha Fama de Mau" (Roberto e Erasmo Carlos), "Demais" (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), "Sofre" (Tim Maia), "Obsessão" (Mirabeau e Milton de Oliveira), "Lama" (Ayce Chaves e Paulo Marques), "Fruto Proibido" (Rita Lee).
Todas elas são canções de personagens, em que as letras são menos poesia e mais prosa. E isso, Marisa garante, só foi percebido por ela depois de o show estar montado. "Foi inconsciente, mas, na verdade, eu escolhi [as músicas] porque são trechos de cena, textos, sessões de papo. Quando eu vejo a pessoinha dentro da música, consigo cantar melhor. Você percebeu isso quando ouviu?"
Com ela sempre foi assim.
Em suas duas incursões anteriores por terrenos musicais, como vocalista das bandas Luni e Vexame , Marisa "atuava" sobre o texto de todas as canções que escolhia. E, com sua veia incontrolável para a ironia, trazia à tona o engraçado -e, junto, o ridículo- de cada um desses personagens tão passionais.
Em "Romance Vol. 2" isso não mudou. "Mas não chega a ser um disco do tipo "engraçadinho", chega?", ela pergunta, dando a entender que a ironia que sustenta cada verso dramático que canta ali não é intencional. "Ai, será? Não é por causa da imagem que as pessoas têm de mim na televisão?"
Também há humor na arte gráfica do CD, trabalho de Gringo Cardia. Nas fotos, Marisa posa com seus músicos em cenário de cetim e veludo vermelho. Com cada um deles interpreta a personagem de uma música: a tímida, a vingativa, a doce, a sexy. Mais ou menos como no quadro que ganhou de Rita Lee. Isso também não era para ser engraçado?
"É verdade: tem humor, sim.
Como eu reluto, né? Isso vai acabar quando? Eu tenho que me assumir! Obrigada mesmo pela entrevista. Mas recomenda o disco, meu! Nem que seja pela capa do Gringo."


ROMANCE VOL.2

Artista: Marisa Orth
Gravadora: Lua Music
Quanto: R$ 15




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