São Paulo, quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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Desenhista brasileira de mangás exporta seu traço para os EUA

Erica Awano foi responsável pelo clássico nacional "Holy Avenger", em 1999

DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A notícia divulgada na semana passada de que a brasileira Erica Awano será a ilustradora de uma adaptação norte-americana de "Alice no País das Maravilhas" para os gibis causou agitação entre os fãs de mangá.
Por mais que o nome da artista possa não soar familiar a quem está por fora do mercado de HQs desse estilo no Brasil, a animação do público diante do nome dela não é desmedida.
Não se sabe muito a respeito de Awano. Arisca, a quadrinista revela pouco de si. A idade, por exemplo, prefere deixar no ar. "Perto de 37", dá a dica, em entrevista à Folha, por telefone.
Mas, entre as coisas que não precisam ser adivinhadas, há o fato de que Awano foi a responsável pelo traço de "Holy Avenger", mangá brasileiro lançado em 1999 e até hoje referência nacional do estilo japonês.
"Holy Avenger" circulou em 42 volumes, durante três anos, e recebeu por duas vezes consecutivas o Troféu HQ Mix, que premia os melhores do ano.
"Na época, eu ia a eventos de cultura japonesa e as pessoas vinham falar comigo", conta. De lá para cá, passou alguns anos fora dos holofotes.
Se Awano influenciou o nicho de mangás no país? "A bem da verdade, não existe uma produção nacional para ser influenciada", rebate. O filão por aqui é tão restrito que a veterana teve de projetar sua carreira para os EUA. Fez ilustrações avulsas, desenhou o gibi de "World of Warcraft" e, agora, está no projeto de "Alice...", da editora Dynamite Entertainment. Não há previsão de que chegue ao Brasil.

Quem é o culpado
Entre os supostos motivos para o diminuto mercado local estão a baixa demanda do público e a falta de aptidão dos artistas. A enxurrada de títulos japoneses nas bancas desmente a primeira alternativa. E Awano refuta a segunda.
"Não é uma questão de pegar o jeito, talento temos de monte, basta ver nos portfólios on- line", afirma. "Mas transformar uma coisa de que você gosta em trabalho requer preparação, saber cumprir prazos."
Iniciativas isoladas como "Turma da Mônica Jovem" e "Luluzinha Teen" não fazem, sozinhas, um mercado, afirma. Mesmo hoje em dia, quando investir no estilo mangá virou estratégia de marketing.
"É uma possibilidade de enriquecimento do vocabulário da narrativa", diz Awano, que não torce o nariz para a iniciativa.
Mas fazer parte desse projeto nacional não está nos planos da "mangaká". "Não sou versátil a ponto de fazer quadrinhos do Corinthians, nem se me pagassem rios de dinheiro!", brinca.


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