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Desenhista brasileira de mangás exporta seu traço para os EUA
Erica Awano foi responsável pelo clássico nacional "Holy Avenger", em 1999
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A notícia divulgada na semana passada de que a brasileira
Erica Awano será a ilustradora
de uma adaptação norte-americana de "Alice no País das Maravilhas" para os gibis causou
agitação entre os fãs de mangá.
Por mais que o nome da artista possa não soar familiar a
quem está por fora do mercado
de HQs desse estilo no Brasil, a
animação do público diante do
nome dela não é desmedida.
Não se sabe muito a respeito
de Awano. Arisca, a quadrinista
revela pouco de si. A idade, por
exemplo, prefere deixar no ar.
"Perto de 37", dá a dica, em entrevista à Folha, por telefone.
Mas, entre as coisas que não
precisam ser adivinhadas, há o
fato de que Awano foi a responsável pelo traço de "Holy Avenger", mangá brasileiro lançado
em 1999 e até hoje referência
nacional do estilo japonês.
"Holy Avenger" circulou em
42 volumes, durante três anos,
e recebeu por duas vezes consecutivas o Troféu HQ Mix, que
premia os melhores do ano.
"Na época, eu ia a eventos de
cultura japonesa e as pessoas
vinham falar comigo", conta.
De lá para cá, passou alguns
anos fora dos holofotes.
Se Awano influenciou o nicho de mangás no país? "A bem
da verdade, não existe uma
produção nacional para ser influenciada", rebate. O filão por
aqui é tão restrito que a veterana teve de projetar sua carreira
para os EUA. Fez ilustrações
avulsas, desenhou o gibi de
"World of Warcraft" e, agora,
está no projeto de "Alice...", da
editora Dynamite Entertainment. Não há previsão de que
chegue ao Brasil.
Quem é o culpado
Entre os supostos motivos
para o diminuto mercado local
estão a baixa demanda do público e a falta de aptidão dos artistas. A enxurrada de títulos
japoneses nas bancas desmente a primeira alternativa. E
Awano refuta a segunda.
"Não é uma questão de pegar
o jeito, talento temos de monte,
basta ver nos portfólios on-
line", afirma. "Mas transformar
uma coisa de que você gosta em
trabalho requer preparação, saber cumprir prazos."
Iniciativas isoladas como
"Turma da Mônica Jovem" e
"Luluzinha Teen" não fazem,
sozinhas, um mercado, afirma.
Mesmo hoje em dia, quando investir no estilo mangá virou estratégia de marketing.
"É uma possibilidade de enriquecimento do vocabulário da
narrativa", diz Awano, que não
torce o nariz para a iniciativa.
Mas fazer parte desse projeto
nacional não está nos planos da
"mangaká". "Não sou versátil a
ponto de fazer quadrinhos do
Corinthians, nem se me pagassem rios de dinheiro!", brinca.
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