Quarta temporada de "Prison Break" tenta amarrar fios soltos de forma forçada

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Para quem fugia das novelas e pensava ter reencontrado nas séries uma boa história, contada sem muita enrolação, uma má notícia: algumas produções estão se tornando cada vez mais parecidas com nossas ficções diárias, com direito a barrigas, retorno de personagens já mortos e finais em que todos os fios soltos são religados para dar uma solução ao excesso de tramas. A vítima mais recente da maldição é "Prison Break", cuja quarta e derradeira temporada acaba de sair em DVD (só para locação; à venda em outubro).
Quando estreou, há quatro anos, a produção da Fox despertou entusiasmo com uma história em que todos os clichês dos filmes de ação e do subgênero "fuga de prisão" foram utilizados para dar fôlego aos desafios que Michael Scofield tinha de enfrentar para arrancar de um presídio de segurança máxima o irmão, Linc, condenado injustamente à morte.
Claro que a presença do bonitão Wentworth Miller no papel central também dava um jeito de garantir a atenção à trama que, de fato, não trazia nada além de um remix da brutalidade de "Oz" com o ritmo e as reviravoltas de último minuto usadas em "24 Horas".
Após efetivar a fuga, restava aos criadores retomar as probabilidades de perseguições, reeditando peripécias já conhecidas desde o clássico seriado "O Fugitivo", para assegurar o interesse em mais 22 episódios da temporada seguinte. Sem outros rumos à vista, a terceira temporada colocou novamente Michael atrás das grades. E, sem ter mais nada para mostrar, encurtou a duração para 13 episódios.
Mesmo os fãs torceram o nariz para a trama desse último ano da série, agora lançado em DVD, no qual, novamente fora da prisão, o grupo de fugitivos enfrenta as trapaças da Companhia e sua ambição por Scylla, um cartão de memória carregado com informações vitais e cuja disputa moverá o confronto entre heróis e bandidagem por intermináveis 22 capítulos.
No caminho, gente que se pensava morta volta à cena para dar ritmo a ações no mais sem sentido, e uma doença letal agrava os riscos enfrentados a cada cinco minutos por Michael. Não basta? Então dá-lhe reciclagem descarada de "Alias" e eis que do além surge Christina, mãe dos dois heróis, só que do lado oposto e disposta a tudo para se apoderar da tal Scylla.
Para quem está com saudades de Wentworth Miller, recomenda-se aguardar sua reaparição no primeiro episódio da próxima temporada de "Law & Order -SVU", que vai ao ar dentro de quatro semanas na TV americana.