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Viúva provoca polêmica e inimizades
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
A relação de Jorge Luis Borges
com María Kodama, 53, poeta e
viúva do escritor, continua a gerar
polêmica e conflitos no meio literário argentino, 12 anos depois da
morte do autor.
Kodama, que chega amanhã ao
Brasil para o lançamento das
obras completas de Borges, conquistou inimizades entre os companheiros do escritor argentino.
O jornalista Osvaldo Ferrari, por
exemplo, só conseguiu relançar
agora seus dois volumes de entrevistas com Borges, depois de longa
briga judicial com Kodama, que
detém os direitos sobre a obra do
marido.
Outro desafeto de María Kodama é o escritor Adolfo Bioy Casares, que foi parceiro e amigo de
Borges por 56 anos.
Relação possessiva
"Kodama teve uma relação possessiva com Borges, de domínio.
Brigou com todos os que estavam
ao seu redor. Os grandes amigos
do escritor falam mal dela. Não se
sabe por que ela provocou isso",
afirma Alejandro Vaccaro, biógrafo do autor.
"Ela é dona dos direitos de Jorge
Luis Borges, o que é correto. Foi
uma escolha do escritor. Agora,
como viúva, Kodama quer se
apropriar da memória de Borges,
mas isso é de todo mundo", completa Vaccaro.
Kodama foi aluna de Borges na
Universidade de Buenos Aires e,
no final da década de 60, participou de um grupo de estudos sobre
a antiga literatura inglesa, formado pelo professor.
"Ela passou a ter um papel importante na história de Borges em
1975, quando morreu Leonor,
mãe do autor. Assumiu o papel de
mulher que coordenava a vida do
escritor", disse Vaccaro.
Segundo o biógrafo, Kodama
nunca chegou a morar com Borges em Buenos Aires.
A poeta realizava visitas e passeios com o escritor, que então estava cego. "Era uma relação platônica muito forte, que gerou polêmica no país."
Kodama casou-se com Borges 45
dias antes de sua morte, que ocorreu em junho de 1986.
Nesse ano, ela acompanhou o
escritor em sua viagem até Genebra, na Suíça, local em que ele
morreu e foi enterrado.
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