São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2001

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DA RUA

Cara o quê

FERNANDO BONASSI

O senhor e a senhora Ikeda zanzavam esfomeados com as crianças quando uma propaganda colorida os convenceu a vir num dos primeiros navios de imigrantes que partia de Okinawa. Eram gente de cidade, mas aqui só conseguiram trabalho na lavoura. Aprenderam a trabalhar com a terra, enriqueceram e terminaram vendendo badulaques na Liberdade, na mesma loja que ainda hoje sustenta netos e bisnetos brasileiros. Com eles envelheceu o japonês que falam entre si, de forma que os parentes recém-chegados não os entendem mais. Não reclamam. Riem de tudo. Quanto a este país, são gratos especialmente pela sorte de ser um lugar onde estrangeiros não podem ser definidos pela cara.


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