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DA RUA
Cara o quê
FERNANDO BONASSI
O senhor e a senhora Ikeda
zanzavam esfomeados com
as crianças quando uma propaganda colorida os convenceu a vir num dos primeiros
navios de imigrantes que partia de Okinawa. Eram gente
de cidade, mas aqui só conseguiram trabalho na lavoura.
Aprenderam a trabalhar com
a terra, enriqueceram e terminaram vendendo badulaques
na Liberdade, na mesma loja
que ainda hoje sustenta netos
e bisnetos brasileiros. Com
eles envelheceu o japonês que
falam entre si, de forma que
os parentes recém-chegados
não os entendem mais. Não
reclamam. Riem de tudo.
Quanto a este país, são gratos
especialmente pela sorte de
ser um lugar onde estrangeiros não podem ser definidos
pela cara.
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