São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica

Parábola parece propaganda institucional

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Diabolicamente bem-intencionado, "Promessas de um Cara de Pau" (estranho título em português para "Swing Vote", voto decisivo) joga fora uma boa idéia central e momentos divertidos em nome da correção política e de pretensiosa lição de civismo.
Este primeiro longa-metragem de Joshua Michael Stern, também o roteirista, é uma fantasia inspirada nos episódios tragicômicos que levaram George W. Bush ao poder.
Stern imagina uma situação radical: um cenário de eleição em que os dois candidatos à presidência estão empatados, em que o voto de um cidadão apenas decidirá o pleito.
Este cidadão é Bud Johnson (Kevin Costner, também produtor do filme), um pai solteiro alienado e beberrão. Na verdade, quem votou por ele, às escondidas, foi sua filha Molly (Madeleine Carrol), uma garota responsável que tenta transformar o pai em cidadão politicamente engajado. O retrato de uma América em que os adultos são idiotizados e as crianças conscientes parece um mero estereótipo, sempre a serviço da manipulação da platéia.
O cinema de Frank Capra é modelo para esta parábola política, mas Stern não consegue operar o milagre de Capra -filmes humanos e emocionantes.
Curiosamente, o filme não se distancia do que procura criticar e mais parece propaganda institucional em forma de longa-metragem, em defesa da democracia e do voto consciente.


PROMESSAS DE UM CARA DE PAU
Produção: EUA, 2008
Direção: Joshua Michael Stern
Com: Kevin Costner, Dennis Hopper, Madeleine Carrol
Onde: Cidade Jardim e circuito
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 10 anos
Avaliação: regular




Texto Anterior: Crítica/ "Baby Love": Francês lembra "comédia família" americana
Próximo Texto: Mostra de cinema: Oficina com Pablo Trapero abre inscrições
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.