São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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PALESTRA

Jornalista polonês falou em evento anteontem

"A África é o grande laboratório da humanidade", diz Kapuscinski

DA REPORTAGEM LOCAL

Durante 40 anos o polonês Ryszard Kapuscinski perscrutou cada canto do continente africano. Essas quatro décadas como correspondente internacional primeiro viraram o livro "Ébano -°Minha Vida na África", que saiu recentemente no Brasil. Anteontem essas andanças africanas viraram palestra em auditório lotado de São Paulo.
Em conversa de duas horas, o escritor e jornalista polonês fez um retrato abrangente desse que considerou "o grande laboratório da humanidade".
Na palestra na livraria Cultura do shopping Villa-Lobos, que promoveu o evento com a Companhia das Letras e a Folha, Kapuscinski afirmou que em nenhuma outra parte do mundo se pode ver com tanta clareza as mazelas do ser humano. "Racismo, tribalismo e limpeza étnica estão presentes no cotidiano africano."
Tido como um dos grandes correspondentes internacionais da história do jornalismo, ele diz que o continente não é uma civilização de desenvolvimento, mas, sim, "de sobrevivência".
Os problemas teriam começado já nas adversidades naturais do terreno africano, hoje dividido em 42 países e habitado por 900 milhões de pessoas. "Tem o clima muito difícil de lidar, o solo muito ruim e a falta de água potável."
Também enumerou três obstáculos não-nativos do continente. Os 300 anos de tráfico de escravos, os cem anos de colonização européia e a "crise do Estado pós-colonial", que ele classificou como "razão de todos os grandes problemas do Terceiro Mundo".
O evento terminou com 40 minutos de autógrafos. (CEM)


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