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São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

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Levantamento revela que a maior oferta de cinema na TV por assinatura é de reprises de produções dos anos 80 e 90

Já vi esse filme!

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Que tal ligar a TV paga para ver um filminho? Se busca um grande lançamento, é bom ter muita paciência: a maior probabilidade será a de se deparar com uma reprise de um filme produzido na década passada ou até antes.
Relatório trimestral da Pay-TV Survey (PTS), empresa de pesquisa de TV por assinatura mais respeitada no mercado, comprova com números que há pouca novidade nos canais de cinema.
Entre junho e agosto de 2003 (dados mais recentes), de 20 emissoras fechadas, apenas três tiveram mais de 40% da programação com filmes produzidos a partir de 2001: HBO (46,78%), Disney (50%) e Telecine Premium (59,61%). Consideradas "vitrines", essas redes conseguem exibir um filme até oito meses após sua estréia no cinema.
HBO (TVA e DirecTV) e Telecine (Net e Sky), no entanto, só estão disponíveis nos pacotes mais caros, com mensalidades em torno de R$ 100. E o infantil Disney é "à la carte", ou seja, o assinante paga uma taxa extra (cerca de R$ 7) por ele, além da assinatura.
Nos outros 17 canais, menos de 20% da programação foi de novidades. Só 0,8% dos filmes mostrados pelo Eurochannel, por exemplo, foram produzidos a partir de 2001. O Canal Brasil registrou 1,09%, o Cinemax Prime, 4,08% e o Telecine Happy, 6,57%.
Cinco não exibiram nenhuma produção posterior a 2000. Dois deles, o Telecine Classic e o Futura, porque têm como proposta mostrar os clássicos. Não é o caso dos outros: MGM, TNT e Warner (esse último exibe apenas os filmes da Warner Bros., mas seu carro-chefe são as séries).
Há grandes concentrações de longas das décadas de 80 e 90. O MGM poderia ser chamado de o "rei dos anos 80": 52,44% dos filmes foram produzidos entre 1981 e 1990. As opções mais recentes, de 1996 a 2000, ficaram só com 9,78% de sua programação.
Os canais de pacotes mais baratos levam ao ar filmes mais antigos em razão dos custos. "Quanto mais cedo recebemos o filme, mais caro custa. Por isso, os pacotes básicos não têm estréias", diz Anthony Doyle, vice-presidente da Turner do Brasil, do TNT.
A maior média de estréias fica com os "tops". HBO teve 19 novos filmes dentre os 119 que exibiu, e Telecine Premium, 15,33 lançamentos em 186 títulos.
Principal canal de cinema de planos básicos, o TNT foi recordista de títulos diferentes: 212 filmes por mês, a maioria (34,59%) produzida entre 1996 e 2000. Com essa quantidade, acabou registrando baixa média de reprises: cada um teve 1,4 repetição/mês.
Já o MGM foi o campeão dessa categoria: cada longa-metragem foi repetido 4,2 vezes por mês (segundo a assessoria de imprensa, o número caiu para 2,95 no trimestre agosto/setembro/outubro).
A reprise, segundo os canais, tem duas razões. Em primeiro lugar, é inevitável, já que não haveria conteúdo suficiente para preencher a programação de todas as redes 24 horas por dia. Além disso, seria estratégica, uma forma de atingir telespectadores diferentes nos diversos horários.
"A reprise é uma característica importante da TV paga. É um serviço para que o assinante possa adaptar o conteúdo a seus horários de disponibilidade", diz Alexandre Annenberg, diretor executivo da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura).
"As pessoas têm pouco tempo para sentar por duas horas e ver um filme inteiro. Já contam com a repetição para vê-lo em partes. Encaramos a reprise mais como serviço do que como problema", diz Cláudia Freitas, gerente de programação da Rede Telecine.
Dos cinco telecines, o que mais reprisou foi o Classic (2,7 vezes por mês), e o que menos repetiu foi o Premium (2 vezes).
A indústria cinematográfica dos Estados Unidos, a maior do mundo, é majoritária na TV paga.
Tirando Eurochannel, de obras européias, e Canal Brasil, de brasileiras, todos os outros canais dão preferência a produções dos EUA.
A pesquisa da PTS mostra que, dos 20 analisados, 14 exibiram mais de 70% de longas-metragens norte-americanos entre junho e agosto deste ano (dados mais recentes). Em seis, como TNT e AXN, a média passou de 90%.
O segundo lugar fica, na maioria dos casos, com os ingleses. Em número menor, há canadenses, australianos e franceses.
Para encontrar um título europeu, o mais garantido seria mesmo sintonizar o Eurochannel. O problema é que ele é exclusivo da TVA e da DirecTV, não acessível a mais da metade dos assinantes do país, clientes Net e da Sky.


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