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Álbum duplo faz passeio pelo choro desde 1870
Disco reúne 28 formações instrumentais distintas para suas 28 composições
CDs têm lançamento simultâneo no Brasil e no Japão e trazem obras de artistas como Pixinguinha
e Jacob do Bandolim
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
São 28 faixas com 28 formações instrumentais diferentes.
O músico Henrique Cazes quis
"fugir da mesmice" e mostrar
no CD duplo "Uma História do
Choro" a diversidade do gênero. Com produção sua e de Katsunori Tanaka, japonês com
muitas passagens pelo Brasil, o
disco está sendo lançado aqui e
no Japão simultaneamente.
O passeio começa na década
de 1870 com "Flor Amorosa",
de Joaquim Callado. Leonardo
Miranda toca uma flauta de
ébano semelhante à que Callado usava. Mas também entram
trombone (Zé da Velha), trompete (Silvério Pontes) e percussão (Beto Cazes), que não eram
utilizados na época.
"O "Flor Amorosa" resume a
idéia do disco. Começa meio
formal, só com flauta, cavaquinho e violão, como era naquele
tempo, e depois vira uma festa,
como são as rodas de choro hoje", diz Cazes, 48, que toca cavaquinho e violão tenor no disco,
encabeçando um time de 26
músicos.
O primeiro CD contempla
outros pioneiros, como Henrique Alves de Mesquita, Patápio
Silva, Anacleto de Medeiros e
Ernesto Nazareth.
Foram eles que começaram a
dar uma cara brasileira a músicas européias como a polca, a
valsa e a habanera.
Essa cara ganhou o nome de
choro: primeiramente, uma
maneira de tocar; depois, um
novo gênero.
Cazes tomou liberdades como misturar o "Tema de Klezmer", tocado por judeus nômades, à polca "Sultana", de Chiquinha Gonzaga.
"Como diz o Tanaka, não tem
problema fazer um pouco de
fantasia, desde que ela seja convincente. Foram judeus russos,
por exemplo, que trouxeram o
violão de sete cordas para o
Brasil. No choro, é mistura de
tudo o que é lado", diz ele, autor
do livro "Choro - Do Quintal ao
Municipal".
Divisor de águas
Pixinguinha, o nome mais
importante da história do choro, fecha o primeiro CD e abre o
segundo, representando o papel de divisor de águas, daquele
que aglutinou diversas referências (afro, rurais, do teatro de
variedades) numa forma musical. "Lamentos" foi escolhido
como marco dessa nova fase.
Benedito Lacerda, Abel Ferreira, Radamés Gnattali, Jacob
do Bandolim e Waldir Azevedo
são outros compositores do segundo CD, que não chega até
autores do momento.
"Não dava para fazer um CD
triplo. E os contemporâneos
têm sido gravados. É um assunto que está mais ou menos coberto", justifica Cazes.
O músico e produtor também explica por que faltam nomes importantes num projeto
cujo subtítulo, por decisão da
gravadora, é "Os maiores solistas da atualidade interpretam
clássicos do choro".
"O Hamilton de Holanda é o
melhor bandolinista de todos
os tempos, mas pode não ser o
melhor para tocar "Picadinho à
Baiana", do Luperce Miranda.
Muita gente boa poderia ter
participado, mas escolhemos
em função do repertório",
afirma ele.
UMA HISTÓRIA DO CHORO
Artistas: vários
Gravadora: Deckdisc
Quanto: R$ 35, em média
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