São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

Cineastas vão à caça de Wim Wenders

Fábio Rocha e Marcos Pierry tentam concluir um documentário com e sobre o diretor, iniciado há dois anos

Em 2008, dupla colocou o alemão dentro de uma BMW vermelha conversível e filmou um passeio por Salvador

JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na semana passada, Fábio Rocha e Marcos Pierry desembarcaram em São Paulo com a seguinte missão: reencontrar Wim Wenders.
A dupla tinha estado cara a cara com o diretor pela última vez em agosto de 2008. Naquele ano, Wenders veio a São Paulo apresentar o filme "Palermo Shooting" e esteve em Porto Alegre e Salvador.
Cineastas, Rocha e Pierry fizeram um convite peculiar ao alemão: vamos passear de carro pela capital baiana? A ideia era criar um filme em movimento, em diálogo com seus "road movies", enquanto batiam um papo descontraído com o ídolo, sem um roteiro pré-definido.
Wenders topou e as filmagens aconteceram em um dia em que "o céu de Salvador estava meio escandinavo, meio Tarkovski", nas palavras de Rocha. No documentário, rodado em 16 mm e em formato digital, os três aparecem circulando pelo centro histórico da cidade, dentro de uma BMW conversível, alugada para a ocasião.
Wenders está com a barba por fazer, veste uma camisa do Mickey Mouse, fala de rock'n'roll. Discorre sobre "a postura do cineasta diante da humanidade" e filmes que são "expressões de amor pelas pessoas".
Em dado momento, pede para dirigir a BMW, mesmo sem saber para onde. E ainda pega a câmera nas mãos.
"Eu fiquei emocionado com a generosidade dele, porque ele comprou o filme com a gente", lembra Pierry. "A gente até pensou em assinar os três, mas aí entra a grife Wenders. A gente não queria entrar na sombra dele."

ACOSSADO
Ao ficar sabendo da visita de Wenders a São Paulo para a 34ª Mostra, a dupla quis tentar uma reaproximação.
Recuperando-se de um acidente, com o pé quebrado, Pierry chegou mancando à coletiva que o diretor deu quarta-feira, no Masp, na abertura da exposição "Lugares, Estranhos e Quietos".
Wenders o reconheceu e perguntou pelo filme, que segue inacabado. O baiano pediu então para que fizessem novas tomadas, desta vez pela avenida Paulista. Wenders titubeou: "De quanto tempo vocês precisam?". "De duas horas", disse, o que se mostrou inconciliável com a agenda apertada do alemão.
No sábado, houve novo fôlego. A dupla seguiu seu personagem até a Cinemateca, onde ele falou sobre os filmes de sua vida. Aparentando cansaço, Wenders disse que um reencontro diante das câmeras pode acontecer em dezembro, em Berlim.
Fábio Rocha já confirmou presença.


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