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34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
Cineastas vão à caça de Wim Wenders
Fábio Rocha e Marcos Pierry tentam concluir um documentário com e sobre o diretor, iniciado há dois anos
Em 2008, dupla colocou o alemão dentro de uma BMW vermelha conversível e filmou um passeio por Salvador
JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na semana passada, Fábio
Rocha e Marcos Pierry desembarcaram em São Paulo
com a seguinte missão: reencontrar Wim Wenders.
A dupla tinha estado cara
a cara com o diretor pela última vez em agosto de 2008.
Naquele ano, Wenders veio a
São Paulo apresentar o filme
"Palermo Shooting" e esteve
em Porto Alegre e Salvador.
Cineastas, Rocha e Pierry
fizeram um convite peculiar
ao alemão: vamos passear de
carro pela capital baiana? A
ideia era criar um filme em
movimento, em diálogo com
seus "road movies", enquanto batiam um papo descontraído com o ídolo, sem um
roteiro pré-definido.
Wenders topou e as filmagens aconteceram em um dia
em que "o céu de Salvador
estava meio escandinavo,
meio Tarkovski", nas palavras de Rocha. No documentário, rodado em 16 mm e em
formato digital, os três aparecem circulando pelo centro
histórico da cidade, dentro
de uma BMW conversível,
alugada para a ocasião.
Wenders está com a barba
por fazer, veste uma camisa
do Mickey Mouse, fala de
rock'n'roll. Discorre sobre "a
postura do cineasta diante da
humanidade" e filmes que
são "expressões de amor pelas pessoas".
Em dado momento, pede
para dirigir a BMW, mesmo
sem saber para onde. E ainda
pega a câmera nas mãos.
"Eu fiquei emocionado
com a generosidade dele,
porque ele comprou o filme
com a gente", lembra Pierry.
"A gente até pensou em assinar os três, mas aí entra a grife Wenders. A gente não queria entrar na sombra dele."
ACOSSADO
Ao ficar sabendo da visita
de Wenders a São Paulo para
a 34ª Mostra, a dupla quis
tentar uma reaproximação.
Recuperando-se de um
acidente, com o pé quebrado, Pierry chegou mancando
à coletiva que o diretor deu
quarta-feira, no Masp, na
abertura da exposição "Lugares, Estranhos e Quietos".
Wenders o reconheceu e
perguntou pelo filme, que segue inacabado. O baiano pediu então para que fizessem
novas tomadas, desta vez pela avenida Paulista. Wenders
titubeou: "De quanto tempo
vocês precisam?". "De duas
horas", disse, o que se mostrou inconciliável com a
agenda apertada do alemão.
No sábado, houve novo fôlego. A dupla seguiu seu personagem até a Cinemateca,
onde ele falou sobre os filmes
de sua vida. Aparentando
cansaço, Wenders disse que
um reencontro diante das câmeras pode acontecer em dezembro, em Berlim.
Fábio Rocha já confirmou presença.
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