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Crítica
"2 Filhos de Francisco" imita americanos
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quem terá mudado: os caipiras ou eu? É possível que ambos, mas é mais provável que eles tenham mudado mais, pois
mudaram até o nome. Não são
mais caipiras, são country.
Em 1970, quando Osvaldo de
Oliveira fazia "Luar do Sertão"
ou "Sertão em Festa", olhava-se de esguelha para eles, não
importa que nomes como Tonico e Tinoco ou Tião Carreiro
e Pardinho puxassem o elenco
e levassem o filme ao sucesso.
Mas, com todo respeito, esses filmes me encantam muito
mais que "2 Filhos de Francisco" (Telecine Pipoca, 20h),
com toda aura de filme brasileiro de sucesso, que a publicidade não consegue esquecer,
nem sua tola indicação para
concorrer ao Oscar pelo Brasil.
Isso decorre menos das qualidades dos velhos filmes dos
anos 70 (poderia citar algum
dos 80, como o "Fuscão Preto",
de Jeremias Moreira) do que
das limitações mastodônticas
de "2 Filhos". Antes de chegar a
elas, digamos que o filme tem
virtudes, e que elas estão sobretudo no início, até a morte
de um dos meninos cantores: a
Brasília fantasmagórica em
que se misturam poder e miséria é o ponto forte do filme.
Depois daí, porém, o que temos é uma história de busca
pelo sucesso. Ou antes: de escapar à miséria. História de quatro entre cinco filmes americanos. Contada, carneiristicamente, à americana. Não falo
da música de Zezé di Camargo
e Luciano, que me parece infernal. Mas o final, a apoteose... é
melhor calar.
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