São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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Crítica

"2 Filhos de Francisco" imita americanos

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quem terá mudado: os caipiras ou eu? É possível que ambos, mas é mais provável que eles tenham mudado mais, pois mudaram até o nome. Não são mais caipiras, são country.
Em 1970, quando Osvaldo de Oliveira fazia "Luar do Sertão" ou "Sertão em Festa", olhava-se de esguelha para eles, não importa que nomes como Tonico e Tinoco ou Tião Carreiro e Pardinho puxassem o elenco e levassem o filme ao sucesso.
Mas, com todo respeito, esses filmes me encantam muito mais que "2 Filhos de Francisco" (Telecine Pipoca, 20h), com toda aura de filme brasileiro de sucesso, que a publicidade não consegue esquecer, nem sua tola indicação para concorrer ao Oscar pelo Brasil.
Isso decorre menos das qualidades dos velhos filmes dos anos 70 (poderia citar algum dos 80, como o "Fuscão Preto", de Jeremias Moreira) do que das limitações mastodônticas de "2 Filhos". Antes de chegar a elas, digamos que o filme tem virtudes, e que elas estão sobretudo no início, até a morte de um dos meninos cantores: a Brasília fantasmagórica em que se misturam poder e miséria é o ponto forte do filme.
Depois daí, porém, o que temos é uma história de busca pelo sucesso. Ou antes: de escapar à miséria. História de quatro entre cinco filmes americanos. Contada, carneiristicamente, à americana. Não falo da música de Zezé di Camargo e Luciano, que me parece infernal. Mas o final, a apoteose... é melhor calar.


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