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LANÇAMENTOS DVD
COLEÇÃO
Caixa lançada pela Continental reúne seis filmes e tem dossiê sobre o cineasta alemão como destaque dos extras
Lang imprime sua lenda e estilo no cinema
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
No "Dossiê Fritz Lang", bônus
da caixa lançada pela Continental, os depoimentos de especialistas e amigos do cineasta esbarram sempre em um limite: impossível dar conta de todas as ambigüidades e segredos que fizeram a conturbada história de vida
de Lang. Pode-se demonizá-lo ou
endeusá-lo, mas não defini-lo.
Lang já era uma lenda em vida
-o mito que Jean-Luc Godard
filmou em "O Desprezo".
Podemos falar de sua enorme
influência: "Dr. Mabuse" (suas
duas primeiras partes) é um daqueles clássicos em que todo o cinema e sua linguagem parecem
dar, de pronto, um passo à frente,
como se, no começo dos anos 20,
Lang descobrisse, na inexorabilidade de seu estilo, todo o potencial narrativo do cinema. Uma
obra-prima da imagem-ação: daí
a enorme influência sobre a produção americana. "M, o Vampiro
de Dusseldorf" (31), seu primeiro
filme falado, foi um marco no cinema sonoro, primoroso pela forma contrapontística com que trabalha a relação imagem/ som.
Mas quais eram as intenções de
Lang ao realizá-los? Já perto do
fim, o velho diretor dizia: "Todos
os meus filmes, eu os realizei como um sonâmbulo". Declaração
que remete inevitavelmente ao
discurso final do assassino de
"M". Há historiadores que vêem
neste filme uma obra anti-semita,
há os que a vêem antinazista, tudo
dependendo para quem se dirigia
seu (autocensurado) título original "Os Assassinos Estão entre
Nós". Se nos restringirmos à obra,
ficamos na constatação de que
Lang era um mestre em usar o
dispositivo cinematográfico para
revelar dispositivos políticos e sociais em sua profundeza.
"Dr. Mabuse" foi o filme que
projetou a sombra demoníaca do
expressionismo sobre a realidade
de crise (o "ovo da serpente") da
Alemanha dos anos 20. Hipnótico
gênio do crime, Mabuse é descendente da série de tiranos invisíveis
do cinema expressionista adaptado, pelo realismo de Lang, à vida
moderna. Uma mistura explosiva, um capítulo à parte na história
psicológica do cinema alemão, o
famoso périplo de Caligari a Hitler traçado por Kracauer. Mas, se
protonazismo já é um conceito
discutível por si só, no caso de
Lang ainda mais: sabe-se que os
nazistas adoravam seus filmes,
mas não se sabe até que ponto
Lang se deixou associar à ascensão nacional-socialista.
Há quem prefira botar a culpa
em Thea von Harbou, a mulher e
roteirista de Lang, ligada aos nazistas. Depois de fugir da Alemanha nos anos 30, Lang voltou nos
60 para fechar um ciclo, rodando
seu primeiro roteiro escrito a quatro mãos com a antiga parceira,
um projeto que lhe fora por duas
vezes roubado, o de "O Tigre de
Bengala" e "Sepulcro Indiano".
O filme, que deveria ser rodado
em 1921, no lugar de "A Morte
Cansada", resultou para alguns,
nos anos 60, numa aventura anacrônica e cafona e, para outros,
em sua obra-prima arquitetural.
Dr. Mabuse, o Jogador/Dr.
Mabuse, o Inferno do Crime:
A Morte Cansada:
M, o Vampiro de Dusseldorf:
O Tigre de Bengala/Sepulcro
Indiano:
Quanto: Continental; R$ 40,
em média (cada DVD)
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