São Paulo, segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

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MUNDO POP

Advogados renegociam dívidas do cantor, cuja garantia é catálogo dos Beatles

Michael Jackson luta para se livrar da bancarrota

ANDREW GUMBEL
DO "INDEPENDENT", EM LOS ANGELES

Representantes legais do cantor Michael Jackson lutam desde a última quinta-feira para evitar o colapso financeiro do astro. Chegado o prazo final para o pagamento de uma dívida, credores começaram a assombrar seus mais preciosos bens, inclusive a milionária cota de 50% que Jackson tem do catálogo musical dos Beatles.
Os advogados e o irmão de Jackson, Randy, passaram os últimos dias negociando com o Fortress Investment Group, firma com sede em Nova York, que controla as dívidas do excêntrico astro, para renegociar o pagamento para daqui a seis meses, com uma taxa de juros mensal de 9,5% -bem acima do valor de mercado.

Rescisão
As negociações têm sido bastante difíceis, por conta de relatórios segundo os quais Jackson não havia conseguido pagar a sua cota mensal de juros no mês de outubro. Em outras palavras, a Fortress tem que decidir se quer permanecer lucrando com as dívidas, ou se o risco de calote é tão grande que deveria insistir em imediata rescisão.
O catálogo dos Beatles, estimado entre US$ 200 milhões (R$ 465 milhões) e US$ 500 milhões (quase R$ 1,2 bilhão), está sendo mantido como uma garantia.
Na sexta-feira, os advogados de Jackson tentavam aliviar a gravidade da situação, dizendo aos jornalistas que estavam confiantes de que, no máximo até o fim da semana, chegariam a um acordo de renegociação.
"Não há um dia do Juízo Final ou coisa parecida", disse o advogado de Jackson, Brent Ayscough, em entrevista à agência de notícias Reuters. "No momento, as pessoas ainda estão negociando."

Dívidas legais
Apesar do otimismo de seus advogados, as finanças do astro não parecem estar nada bem. Ele tem uma montanha de dívidas legais, em conseqüência do longo processo por abuso sexual de crianças, que culminou com sua absolvição em junho.
Jackson também tem enfrentado dificuldades com os pagamentos da hipoteca da casa da família em San Fernando Valley, Los Angeles. E alguns repórteres levantam a hipótese de que sua mãe e irmãos terão que sair da casa até o fim de dezembro.
Há também constantes boatos sobre problemas financeiros no rancho Neverland, ao norte de Santa Barbara, na Califórnia, cuja manutenção anual custa a bagatela de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 12 milhões). Enquanto isso, Jackson parece ter acampado em Bahrein, no Golfo Pérsico, onde, nos últimos meses, é hóspede do príncipe Salman bin Hamad Khalifa.
Numa desesperada tentativa de levantar mais dinheiro na última hora, o cantor está relançando alguns dos sucessos dos seus anos de glória, começando por "Thriller", que chegará às lojas do Reino Unido no próximo dia 23 de janeiro.
Fora isso, sua carreira musical parece moribunda. Jackson anunciou com grande pompa, depois que o furacão Katrina atingiu os Estados Unidos em agosto, que ele estava produzindo um disco para levantar dinheiro para as vítimas da catástrofe. Mas o tal disco ainda não se materializou.
Tudo indica que os negócios de Michael Jackson estão se deteriorando e caminhando para um colapso e sórdidas recriminações. Dois antigos empregados estão processando o cantor, alegando que ele lhes deve milhões de dólares. A gravadora Sony Music parece estar esperando o momento oportuno para entrar em cena e adquirir a sua metade do catálogo dos Beatles e outros bens musicais, inclusive canções famosas de Bob Dylan, Elvis Presley e Sly and the Family Stone. E tem participado das conversas de renegociação das dívidas.


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