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POLÍTICA CULTURAL
"Família Alcântara", que vencera concurso de apoio ao cinema em 2004, ganhou também em 2005
Governo paulista premia filme duas vezes
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mesmo filme venceu duas
vezes seguidas o concurso de
apoio ao cinema da Secretaria Estadual da Cultura de São Paulo.
O documentário "Família Alcântara" estava entre os ganhadores da disputa de comercialização
-que dá verba para o lançamento de filmes no cinema- no ano
passado. Neste ano, "Família Alcântara" está de novo na lista de
vencedores da mesma categoria.
O edital do concurso afirma que
"serão indeferidas as inscrições de
projetos selecionados nos programas de fomento realizados em
2003 e 2004, na mesma categoria".
A secretaria informa que "o filme "Família Alcântara" foi premiado em 2004, mas eliminado
posteriormente, por falta de documentação". A assessoria do secretário diz que o valor do prêmio
foi repassado "a um outro filme",
mas não soube informar qual.
Daniel Santiago, diretor do documentário, diz que seu prêmio
em 2004 era de "mais ou menos
R$ 112 mil" e afirma que não pôde
recebê-lo porque não conseguiu
"apresentar a documentação no
prazo que o investidor pediu".
A verba do concurso é reunida
pela secretaria com empresas estatais e privadas, por meio das leis
de renúncia fiscal (que autorizam
o destino de parcela do Imposto
de Renda para projetos culturais).
Para que as empresas possam
desembolsar o dinheiro, é necessário cumprir trâmites burocráticos que incluem a emissão de certificados de investimento pela Comissão de Valores Mobiliários.
Santiago diz que agora está com
todos os papéis em ordem. Seu
prêmio neste ano é de R$ 150 mil.
O diretor afirma que o resultado
"ratifica a qualidade do filme, que
ganhou duas vezes na mesma categoria, com júris diferentes".
A família Alcântara de que trata
o filme é um coral formado por
descendentes de escravos em MG.
O objetivo do diretor agora é estrear o documentário nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte e realizar exibições "em comunidades quilombolas, já que é um documentário
com temática afro-brasileira".
Produção e finalização
O resultado da edição 2005 do
programa estadual de fomento ao
cinema teve aspectos heterodoxos
nas outras duas categorias compreendidas pelo concurso -produção e finalização de filmes.
O filme "Infância Roubada", de
Bruno Barreto, foi incluído entre
os vencedores da categoria produção numa reunião extraordinária agendada pelo secretário de
Cultura, João Batista de Andrade,
com a comissão julgadora.
A premiação de Barreto, que é
carioca, foi questionada por representantes do cinema paulista,
com o argumento de que ele não
cumpriria a exigência de residir
há pelo menos três anos em SP.
Diante da suspeita, a secretaria
pediu ao cineasta que comprovasse sua residência em São Paulo, o
que foi feito, segundo parecer do
departamento jurídico do órgão.
"Infância Roubada" receberá,
segundo informação da secretaria, "mínimo de R$ 293 mil". Barreto e os cinco cineastas apontados como suplentes na primeira
decisão do júri de produção terão
o direito de concorrer novamente
em 2006, na mesma categoria, pedindo "a integralização do aporte
requisitado no ano de 2005", segundo decisão da secretaria.
O teto para o prêmio de produção neste ano foi de R$ 500 mil.
Na categoria de finalização também houve uma decisão posterior
à reunião da comissão julgadora.
Os prêmios previstos para os filmes "Onde Andará Dulce Veiga?", de Guilherme de Almeida
Prado, "O Poeta da Vila", de Ricardo van Steen, e "Querô", de
Carlos Cortez, foram reduzidos
de R$ 300 mil para R$ 100 mil.
Segundo a secretaria, a medida
foi adotada porque esses filmes
venceram também um concurso
de apoio à produção da Ancine
(Agência Nacional do Cinema).
Fabiano Gullane, produtor de
"Querô", diz que ficou "surpreso"
com a redução, mas "feliz" com o
prêmio. "Em vez de reclamar, escolhemos trabalhar muito. Queria parabenizar o governador, o
secretário João Batista e suas
equipes pelo edital de fomento.
Foram mais prêmios e mais dinheiro que no ano passado", diz.
O edital previa R$ 2,4 milhões
para a categoria finalização. A soma dos prêmios anunciados aos
12 vencedores é de R$ 2,215 milhões. Mas o valor vai mudar.
O total investido na finalização
"chegará a um mínimo de R$ 2,4
milhões, dobrando-se a destinação de recursos para dois filmes
da faixa 2 [suplentes]: "Garoto
Cósmico" [de Alê Abreu] e "O Dia
em o Brasil Esteve Aqui" [de Cayto
Ortiz]", segundo a secretaria.
Eram três os suplentes indicados pelo júri. Além dos dois acima, "Onde Andará Dulce Veiga?".
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