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Designer cria ícones para artistas nacionais
Livro apresenta 101 representações de músicos e bandas brasileiras e desafia o leitor a descobrir quem é quem
"Poptogramas Brasilis", de
Daniel Motta, brinca com
nomes ou situações vividas
pelos artistas; versão
internacional saiu em 2005
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um bonequinho, desses que
estampam a porta do banheiro
masculino, com uma diferença:
esse está segurando um ramalhete de rosas. Resposta: Roberto Carlos.
Outro bonequinho, dessa vez
soterrado por calcinhas: Wando! Um balão tirando um coelho da cartola: eis o Balão Mágico. Um olho gigantesco, vermelho: trata-se do Planet Hemp, a
banda que ficou famosa por
músicas que pregam a liberação da maconha.
É assim, brincando com situações vividas por artistas
-ou com os nomes deles-, que
o designer Daniel Motta passa
grande parte de seu tempo
ocioso desde 2005, quando desenhou um morcego sem cabeça e perguntou ao colega da mesa do lado se aquilo não era
obra de Ozzy Osbourne -cantor das banda de heavy metal
Black Sabbath, que se notabilizou por comer um morcego vivo no palco nos anos 70.
Ócio
Pois aquele morcego com a
cabeça faltando parecia mesmo
obra do roqueiro inglês, e assim
a brincadeira começou. "Eu era
sócio da revista "Zero", que fechou. Fiquei no escritório sem
fazer nada e aí comecei a desenhar bandas de que gostava",
conta Motta, 28. O esforço resultou no livro "Poptogramas",
lançado naquele mesmo ano,
que reunia ícones de bandas e
artistas internacionais.
Motta cunhou ainda a expressão "poptograma", unindo
a palavra "pictograma" (representação de objetos de forma figurativa ou simbólica) à idéia
"pop" do mundo da música.
O livro, lançado pela Altamira Editorial, foi um sucesso de
público e crítica. Ganhou, inclusive, duas exposições. Uma
delas, em fevereiro de 2007,
aconteceu no metrô de São
Paulo. "Foi uma exposição itinerante, em várias estações.
Passou, por exemplo, pela Vila
Madalena, Paraíso, Capão Redondo." Outra exposição aconteceu em maio deste ano, na loja de papéis especiais Fine Papers, no Cambuci.
Decifrar
Motta lança agora a versão
nacional dos poptogramas, em
gestação há cerca de um ano.
São 101 ícones, desde nomes da
velha-guarda, como Nelson
Ned ou Ronnie Von, até do rock
independente atual, como Astronauta Pingüim ou Autoramas. "O grande barato é decifrar e virar a página para ver se
você acertou", diz Motta.
Ele conta como faz para capturar suas "vítimas": "Inicialmente escolho alguém pelo nome. Biquíni Cavadão, por
exemplo, desenhei um biquíni
enterrado e um cara cavando
até ele. Outros, escolho por histórias engraçadas ou marcantes relacionadas aos artistas,
como no caso do Planet Hemp
ou do Wando".
"Alguns não saem de jeito nenhum, Fiquei dias pensando no
Ira!, mas não rolou. Outro problema que enfrento é quando é
óbvio demais. O Sepultura, por
exemplo. Achei que desenhar
uma sepulturinha seria sem
graça. Tenho um carinho pela
banda e queria fazer algo especial. Acabou ficando de fora."
Quanto aos que entraram,
Motta tem lá seus preferidos.
Um deles é o Ratos de Porão,
banda do apresentador João
Gordo: "Fiz o Mickey Mouse
num porãozinho, brincando
com o fato de usar um personagem da Disney para retratar
uma banda punk".
A exemplo da versão internacional, "Poptogramas Brasilis"
sai com 2.500 exemplares, num
formato quadrado, pouco
maior que um CD, impresso em
papel couché.
No site www.poptogramas.com.br é possível comprar os
dois livros com desconto, canecas com alguns dos ícones estampados e ainda uma versão
da obra que vem numa caixa
especial, imitando uma simpática vitrolinha.
POPTOGRAMAS BRASILIS
Autor: Daniel Motta
Editora: Altamira
Quanto: R$ 40 (228 págs.)
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