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CRÍTICA
Novo disco
não cede fácil
especial para a Folha
"Círculo Vicioso", faixa
que abre "Câmbio Negro",
é exemplo de como X escreve bem. A mensagem antibandidagem traz rimas como estas: "Nessa sua profissão ninguém se aposenta/
Assim como você entrou/
Vários vão querer entrar/ E
o caminho mais rápido pra
fama é te matar/ Seguindo
os seus passos/ Seguindo
sua trilha/ Pra atingir você/
Talvez matem sua família".
X é um monstro da macroeconomia. A irônica
"Esse É Meu País" ("Criminalidade cai 90%/ Todos
têm moradia, ninguém ao
relento") e excertos distribuídos por outras faixas
("Pega a manha/ pra aprender a bater, também se apanha") mostram um estilo
próprio, universalista e
mais metafísico que o habitual. Mas X também incorre
em alguns vícios do rap, como falar recorrentemente
do "movimento". Pior, desautoriza suas honestas intenções -e aqui já não parece estar sendo irônico-
ao repetir o refrão "não
confie em ninguém, não".
O produtor Edu K levantou as guitarras e sujou os
vocais, criando um ambiente hardcore. Em uma ou
duas faixas a banda soa
mais black, como na sampleada "Esse É Meu País" e
nos sopros de "Pega a Manha". O tom é claustrofóbico e não espanta se os ouvintes chegarem cansados à
última faixa: "Gemidos,
sussurros, silêncio/ Coração parado/ FINADO".
É difícil descrever o alívio
ao chegar ao final das dez
faixas -só que o CD, qual o
coisa-ruim, não cede assim
tão fácil. Este é o parágrafo
mais elogioso de toda a página.
(PV)
²
Disco: Câmbio Negro
Artista: Câmbio Negro
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 18
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