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GASTRONOMIA
Uruguai busca lugar entre os melhores vinhos
JORGE CARRARA
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Outra província vinícola do
Cone Sul está tentando ganhar espaço no mapa dos vinhos
finos do planeta. Trata-se do nosso vizinho, o Uruguai.
O país produz cerca de 95 milhões de litros de vinho por ano,
vendidos principalmente no mercado interno, que, com um consumo per capita de 33 litros por
ano (o oitavo do mundo), está
praticamente saturado. Com esse
panorama, as vinícolas uruguaias
decidiram apostar na exportação.
Para isso, a indústria iniciou na
década de 90 um processo de renovação em busca de qualidade.
No departamento das cantinas
(pelo menos entre as visitadas)
ainda há algumas com antigas piletas de fermentação de cimento
(mas munidas de equipamentos
de refrigeração), enquanto em
outras já aparecem tanques de
inox de último modelo e em quase todas, é claro, pode-se ver as típicas barricas de carvalho para
amadurecer e temperar os goles
segundo o gosto internacional.
Na área dos vinhedos, foram
plantadas variedades nobres, a
maioria de origem francesa. A
mais cultivada é a tannat, uma
uva oriunda do sul da França, que
se adaptou bem por lá e se converteu, tal como a malbec na Argentina, numa espécie de porta-bandeira da vitivinicultura uruguaia.
Apesar disso, outra cepa que deveria ser olhada com muito carinho é a cabernet franc. Ela esteve
por trás de alguns dos melhores
vinhos degustados na viagem.
Aliás, falando dos vinhos provados, segue a lista das vinícolas que melhor impressionaram e alguns de seus destaques.
Bodegas Castel Pujol: brilhou
aqui o Casa Luntro 2000, um tannat redondo (os vinhos da cepa
são às vezes muito tânicos) e
cheio de fruta (88/100).
Vinos Finos Stagnari: destaque
para o Seleccion La Puebla Viognier 2002, um branco de perfume
frutado e floral (86/100).
Bodega Carlos Pizzorno: o Don
Próspero 2002, tinto corte de uvas
cabernet sauvignon, tannat e
merlot , foi o melhor vinho desta
pequena adega (87/100).
Bodega José Filgueira: fico aqui
com o Premium Cabernet Franc
2002, um tinto que mistura fruta e
madeira em um paladar longo e
macio (88/100).
Bodega Marichal e Hijos: na
ponta, o Juan Marichal Chardonnay 2002, com aroma intenso de
maçã, cravo e manteiga (86/100).
Bodega Castillo Viejo: dois tintos cabernet franc, os Vieja Parcela 2000 (com paladar mesclando
fruta, canela e baunilha, 88/100) e
2002 (também frutado com toques de couro e madeira, 89/100),
roubaram a cena.
Estabelecimiento Juanicó: encerrou a degustação com uma
vertical (diversas safras) do Prelúdio, tinto de uvas tannat, cabernet
sauvignon, cabernet franc, merlot
e petit verdot. O 97, disponível no
mercado, mostrou ser um vinho
rico e complexo (89/ 100).
Los Cerros de San Juan: serviu
um bom tannat, o Cuna de Piedra
99, encorpado, com sabor combinando frutas vermelhas e especiaria (87/100).
Sunybell: Apresentou 3 vinhos
2002 da linha (básica) Silver River, um chardonnay e dois tintos,
um merlot e um tannat. Destaque? Na sua categoria, todos (os
três 85/100).
Estabelecimiento Vitivinícola
Toscanini Hermanos: outra casa
que mostrou um painel consistente, integrado por tintos. Pódio
para o Carlos Montes 98, um vinho de sabor e aroma marcado
por compotas e geléias (88/100).
O colunista Jorge Carrara visitou Montevidéu a convite do Inavi (Instituto Nacional de Vitivinicultura de Uruguay)
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