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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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GASTRONOMIA

Uruguai busca lugar entre os melhores vinhos

JORGE CARRARA
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

Outra província vinícola do Cone Sul está tentando ganhar espaço no mapa dos vinhos finos do planeta. Trata-se do nosso vizinho, o Uruguai.
O país produz cerca de 95 milhões de litros de vinho por ano, vendidos principalmente no mercado interno, que, com um consumo per capita de 33 litros por ano (o oitavo do mundo), está praticamente saturado. Com esse panorama, as vinícolas uruguaias decidiram apostar na exportação.
Para isso, a indústria iniciou na década de 90 um processo de renovação em busca de qualidade. No departamento das cantinas (pelo menos entre as visitadas) ainda há algumas com antigas piletas de fermentação de cimento (mas munidas de equipamentos de refrigeração), enquanto em outras já aparecem tanques de inox de último modelo e em quase todas, é claro, pode-se ver as típicas barricas de carvalho para amadurecer e temperar os goles segundo o gosto internacional.
Na área dos vinhedos, foram plantadas variedades nobres, a maioria de origem francesa. A mais cultivada é a tannat, uma uva oriunda do sul da França, que se adaptou bem por lá e se converteu, tal como a malbec na Argentina, numa espécie de porta-bandeira da vitivinicultura uruguaia.
Apesar disso, outra cepa que deveria ser olhada com muito carinho é a cabernet franc. Ela esteve por trás de alguns dos melhores vinhos degustados na viagem.
Aliás, falando dos vinhos provados, segue a lista das vinícolas que melhor impressionaram e alguns de seus destaques.
Bodegas Castel Pujol: brilhou aqui o Casa Luntro 2000, um tannat redondo (os vinhos da cepa são às vezes muito tânicos) e cheio de fruta (88/100).
Vinos Finos Stagnari: destaque para o Seleccion La Puebla Viognier 2002, um branco de perfume frutado e floral (86/100).
Bodega Carlos Pizzorno: o Don Próspero 2002, tinto corte de uvas cabernet sauvignon, tannat e merlot , foi o melhor vinho desta pequena adega (87/100).
Bodega José Filgueira: fico aqui com o Premium Cabernet Franc 2002, um tinto que mistura fruta e madeira em um paladar longo e macio (88/100).
Bodega Marichal e Hijos: na ponta, o Juan Marichal Chardonnay 2002, com aroma intenso de maçã, cravo e manteiga (86/100).
Bodega Castillo Viejo: dois tintos cabernet franc, os Vieja Parcela 2000 (com paladar mesclando fruta, canela e baunilha, 88/100) e 2002 (também frutado com toques de couro e madeira, 89/100), roubaram a cena.
Estabelecimiento Juanicó: encerrou a degustação com uma vertical (diversas safras) do Prelúdio, tinto de uvas tannat, cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e petit verdot. O 97, disponível no mercado, mostrou ser um vinho rico e complexo (89/ 100).
Los Cerros de San Juan: serviu um bom tannat, o Cuna de Piedra 99, encorpado, com sabor combinando frutas vermelhas e especiaria (87/100).
Sunybell: Apresentou 3 vinhos 2002 da linha (básica) Silver River, um chardonnay e dois tintos, um merlot e um tannat. Destaque? Na sua categoria, todos (os três 85/100).
Estabelecimiento Vitivinícola Toscanini Hermanos: outra casa que mostrou um painel consistente, integrado por tintos. Pódio para o Carlos Montes 98, um vinho de sabor e aroma marcado por compotas e geléias (88/100).


O colunista Jorge Carrara visitou Montevidéu a convite do Inavi (Instituto Nacional de Vitivinicultura de Uruguay)


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