São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

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FILMES

TV PAGA

"As Invasões Bárbaras" e o mito da geração de 68

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A julgar por "As Invasões Bárbaras", a geração de 68 sempre esteve envolvida em conflitos de gerações. Na sua época, batalhava contra as velhas gerações. Hoje (no tempo das "Invasões"), contra as novas.
É como se 68 fosse o centro do mundo: aquilo que de melhor produziu a evolução do Ocidente, a que se seguiria, fatalmente, a decadência. Representante emérito desse tipo de raciocínio, lá está Remy. Chegando ao hospital com doença terminal, nem por isso deixa de ter uma opinião a dar sobre tudo o que aparece à sua frente. Sobre a freira que prega o cristianismo, sobre o filho arrivista que só pensa em ganhar dinheiro. Etc.
Rémy e seus amigos representam bastante bem essa idéia de superioridade de uma determinada geração. Talvez ela seja melhor mesmo. Não é isso que vem ao caso discutir, e sim o fato de Denys Arcand, diretor deste filme, assumir deliberadamente a "verdade" desse discurso, sem se dar conta de que isso é apenas um discurso.
Ou seja, a geração de 68 foi contestatória porque é assim que as coisas se apresentavam naquele momento. A geração de seu filho é arrivista e se ocupa apenas de ganhar dinheiro porque é assim que as coisas se apresentam. Era muito fácil para pessoas instruídas conseguir (e preservar) um emprego há 40 anos.
Se Rémy e seus amigos brandem certezas, o fato é que o mundo é um pouco mais incerto do que isso. Existe outro filme, "Os Sonhadores", que não abraça as certezas nem propaga as facilidades de que "As Invasões Bárbaras" é pródigo. Não é um grande filme. Mas é mais honesto. E há de se pensar na honestidade e na integridade como valores que 68, afinal, prezava muito.


Invasões Bárbaras
Quando: hoje, às 17h no Telecine Premium


TV ABERTA

"Máquina Mortífera" garante ação e diversão

Meu Marciano Favorito
SBT, 13h.
(My Favourite Martian). EUA, 1999, 93 min. Direção: Daniel Petrie. Com Jeff Daniels. Produtor de telejornal de TV, às voltas com afetos confusos em relação a duas garotas, topa ainda com um marciano simpático que precisa, entre outras coisas, fugir da Nasa.

Beethoven, o Magnífico
Globo, 13h.
(Beethoven). EUA, 1992, 87 min. Direção: Brian Levant. Com Charles Grodin. Beethoven, o cachorro de raça São Bernardo, escapa de uma loja de animais e escolhe a própria família. Grodin lhe dá acolhida. Vai se arrepender quando descobre que o cachorro não pára mais de crescer.

Nadando em Dinheiro
Cultura, 16h.
Brasil, 1952, 90 min. Direção: Abílio Pereira de Almeida. Com Mazzaropi. Como bem indica o título, tudo aqui gira em torno da hipótese do pobre Isidoro (isto é, Mazzaropi) ficar subitamente rico. As virtudes e limites de Mazzaropi estão presentes (do carisma ao tipo imutável) neste seu segundo filme na Vera Cruz. P&B.

Perigo Iminente
Record, 20h25.
(Imminent Danger). EUA, 1999, 95 min. Direção: Catherine Cyran. Com Connie Sellecca. Casal de bem resolve ajudar homem ferido, levando-o para um hospital. Problema: o cara era um bandido, e seus colegas não querem gente se metendo em sua vida.

Condenação Brutal
Bandeirantes, 20h30.
(Lock Up). EUA, 1989, 115 min. Direção: John Flynn. Com Sylvester Stallone. Pouco antes de ser libertado, o presidiário Stallone é transferido para outra cadeia, onde o diretor pretende fazer de sua vida o inferno habitual nesse tipo de filmes. Apesar do argumento banal e de lutar contra Stallone, Flynn tira daí uma aventura visível.

Máquina Mortífera
SBT, 22h30.
(Lethal Weapon). EUA, 1987, 110 min. Direção: Richard Donner. Com Mel Gibson. Primeiro encontro entre o policial atiradísso (Gibson) e seu parceiro cauteloso (Glover), aqui enfrentando perigosa quadrilha de ex-combatentes. Muita ação e algum humor garantem a diversão.

Matar ou Morrer
Bandeirantes, 0h30.
(High Noon). EUA, 1952, 85 min. Direção: Fred Zinnemann. Com Gary Cooper. Gary é o xerife que convoca a cidade para ajudá-lo, quando bandidões que no passado ele prendeu preparam-se para voltar. Se Zinnemann afronta a tradição individualista do faroeste, nem por isso merecia ter seu filme exibido em versão colorizada.

O Resgate do Soldado Ryan
Globo, 1h15.
(Saving Private Ryan). EUA, 1998, 170 min. Direção: Steven Spielberg. Com Tom Hanks. A invasão da Normandia segundo Spielberg e o posterior resgate de soldado, que deve retornar para casa, já que todos os seus irmãos foram mortos em combate. O início, a invasão, é forte, sobretudo pelo trabalho de som. Depois, em plena guerra, o sentimentalismo triunfa.

Complicações Amorosas
SBT, 1h30.
(Love Jones). EUA, 1997, 104 min. Direção: Theodore Witcher. Com Larenz Tate. Os encontros e desencontros entre um jovem poeta (Tate) e sua namorada (Long), ambos negros e de classe média.

Frankie e Johnny
SBT, 3h30.
(Frankie and Johnny). EUA, 1991, 117 min. Direção: Garry Marshall. Com Al Pacino, Michelle Pfeiffer. Ex-presidiário (Pacino) consegue emprego em Nova York como cozinheiro. Solitário, apaixona-se por garçonete complicada (Pfeiffer). (IA)

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