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Cineasta austríaco faz da Amazônia cenário-fetiche
Herbert Brödl dirigiu sete filmes na região do rio Negro
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Amazônia sobre a qual o
Milton Hatoum dos textos acima deita sua prosa é a mesma
para a qual um cineasta austríaco direciona suas câmeras
há mais de 20 anos. Desde 1984,
Herbert Brödl, 58, usou a região como set e/ou personagem
sete vezes -o espectro de seus
docudramas (em que acréscimos ficcionais tingem fatos
reais) vai da reconstituição de
viagens científicas pela floresta
ao retrato da busca do Eldorado
nos garimpos.
A descoberta do "cenário-fetiche" se deu em 1981, na volta
das filmagens de um documentário no Peru. "Acontece uma
só vez na vida essa coisa de ver
uma paisagem e pensar: "Esta é
a minha paisagem, a dos meus
sonhos'", diz Brödl, por telefone, da Áustria. O idílio era o rio
Negro, "com aquela água e cor
maravilhosas".
Três anos depois, ele realizaria "Canoa Peixe-Cobra", em
que dois índios e um religioso
italiano cruzam as águas do Negro em busca do valioso peixe
ornamental -que vai parar
num aquário alemão.
Atualmente, ele monta
"Aviadores", que tem previsão
de estréia nos cinemas europeus para o segundo semestre
deste ano. Rodada em HD (câmeras de alta definição) durante dez semanas de 2007, a fita
protagonizada por Fernando
Alves Pinto (de "Terra Estrangeira") e Nilton Bicudo (de peças como "O Natimorto") parte
do reencontro de dois pilotos
para lembrar o dia em que, em
pleno vôo, foram feitos reféns
por dois traficantes.
A história é baseada nos relatos de dois aviadores da região,
mas Brödl avisa: não espere ver
um thriller. "Não fiz uma reconstituição [do confronto no
avião]. Usei imagens associativas. Não há bangue-bangue."
"Aviadores" é apenas o segundo título que o austríaco roda na Amazônia com atores
profissionais -o anterior foi
"Eclipse", de 2002, com Matheus Nachtergaele e Betty
Goffman. Em trabalhos como
"Terra do Ouro" (1996) (sobre o
caminho do metal, "do garimpo
ao desaparecimento nos cofres
dos bancos", segundo o cineasta), ele afirma ter achado "mais
justo" empregar amadores, para obter "mais verdade".
Sincero ele também é em relação ao que os próximos anos
podem guardar para a floresta.
"Não sou político nem especialista, mas a Amazônia está à
beira de um "apagão" terminal."
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