São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO em Nova York e Londres - ultima.moda@grupofolha.com.br

Londres corre contra o tempo

Comprimida entre as temporadas de Nova York e Milão, semana de moda britânica é obrigada a exibir mais de 50 desfiles em apenas quatro dias

Encurralada pelas semanas de moda de Nova York e de Milão, a London Fashion Week perdeu a partir desta temporada dois dias no calendário internacional de desfiles.
Ela começou oficialmente na sexta-feira passada, quando os norte-americanos ainda faziam as últimas apresentações, e terminou na última quarta-feira, quando os italianos já começavam os seus shows.
Por isso, para atender os jornalistas de vários países, que seguem de um lado a outro as semanas de moda, os britânicos foram obrigados a concentrar os principais desfiles -mais de 50- em apenas quatro dias, de sábado a terça-feira.
Pouca gente assistiu a tudo isso, é claro. Sem falar que, além das apresentações centrais, havia uma miríade de eventos secundários, muitos deles escolares ou de principiantes, já que a cidade é um verdadeiro fervedouro de estudantes de moda e aspirantes ao mundo fashion.
Na Inglaterra, a London Fashion Week -que completou 25 anos nesta estação- é tratada como prioridade de Estado, já que arrecada 20 milhões de libras diretamente para a economia local, sem falar na promoção mundial da moda britânica que faz e as vendas das grifes que são efetuadas no período.
No entanto, a pressão americana e europeia para reduzir o tamanho do calendário londrino demonstra que, no plano global da moda, ela é de fato um acontecimento secundário, se comparado à força econômica de Nova York, Milão e Paris.
Londres parece conformada com a situação, mas nem por isso acomodada. A cidade ferve no período da semana de moda, uma famosa incentivadora de jovens talentos. Foi daqui que saíram estilistas famosos em atividade, como John Galliano, Stella McCartney, Alexander McQueen e, agora, Gareth Pugh. Todos desfilam atualmente em Paris.

Dinheiro curto
Os novos nomes quentes em Londres são, principalmente, Christopher Kane, Marios Schwab e Peter Pilotto -designers inteligentes, que buscam novos caminhos. Desta vez, porém, talvez pressionados pela crise econômica, suas coleções foram bem menos inventivas que em outras estações. Mas nem por isso piores, sobretudo a de Kane, cujo destaque foram os sedutores looks em tules em que ele aplicou faixas de veludo, como "molduras", para dar um toque construtivo.
Em épocas de dinheiro curto, os estilistas mais comerciais acabam se tornando um exemplo, pela firmeza com que transitam há décadas no negócio da moda. É o caso de Paul Smith, que mostrou uma coleção inspirada em temas militares e basicamente em cáqui e preto, convencional, mas muito segura comercialmente.
Duas marcas com participação de brasileiros voltaram a se apresentar na semana de moda: Basso & Brooke e Issa. A primeira, que tem entre os sócios o paulista Bruno Basso, mostrou uma coleção com vertiginosas misturas de estampas, em looks muito divertidos.
A Issa, da estilista fluminense Daniela Helayel, que vive há anos na Inglaterra, é hoje uma das grifes "queridinhas" das chamadas "it girls" britânicas (como Lily Allen), com seu charme superfeminino, interessado em conquistar de cara as garotas. As estampas gráficas foram o destaque da coleção, batizada de "Monja Sexy".
No geral, a semana londrina pareceu mais preocupada com o comércio do que com revoluções da moda. Uma vontade de romantismo percorreu as grifes, mas foi contrabalançado pelo estilo forte e impactante dos anos 80 e da era disco (uma das referências decisivas da temporada) e também por flertes com o (pós-) punk.


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