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Última Moda
ALCINO LEITE NETO em Nova York e Londres - ultima.moda@grupofolha.com.br
Londres corre contra o tempo
Comprimida entre as temporadas de Nova York e Milão, semana de moda britânica é obrigada a exibir mais de 50 desfiles em apenas quatro dias
Encurralada pelas semanas
de moda de Nova York e de Milão, a London Fashion Week
perdeu a partir desta temporada dois dias no calendário internacional de desfiles.
Ela começou oficialmente na
sexta-feira passada, quando os
norte-americanos ainda faziam
as últimas apresentações, e terminou na última quarta-feira,
quando os italianos já começavam os seus shows.
Por isso, para atender os jornalistas de vários países, que
seguem de um lado a outro as
semanas de moda, os britânicos
foram obrigados a concentrar
os principais desfiles -mais de
50- em apenas quatro dias, de
sábado a terça-feira.
Pouca gente assistiu a tudo
isso, é claro. Sem falar que,
além das apresentações centrais, havia uma miríade de
eventos secundários, muitos
deles escolares ou de principiantes, já que a cidade é um
verdadeiro fervedouro de estudantes de moda e aspirantes ao
mundo fashion.
Na Inglaterra, a London Fashion Week -que completou 25
anos nesta estação- é tratada
como prioridade de Estado, já
que arrecada 20 milhões de libras diretamente para a economia local, sem falar na promoção mundial da moda britânica
que faz e as vendas das grifes
que são efetuadas no período.
No entanto, a pressão americana e europeia para reduzir o
tamanho do calendário londrino demonstra que, no plano
global da moda, ela é de fato um
acontecimento secundário, se
comparado à força econômica
de Nova York, Milão e Paris.
Londres parece conformada
com a situação, mas nem por isso acomodada. A cidade ferve
no período da semana de moda,
uma famosa incentivadora de
jovens talentos. Foi daqui que
saíram estilistas famosos em
atividade, como John Galliano,
Stella McCartney, Alexander
McQueen e, agora, Gareth
Pugh. Todos desfilam atualmente em Paris.
Dinheiro curto
Os novos nomes quentes em
Londres são, principalmente,
Christopher Kane, Marios
Schwab e Peter Pilotto -designers inteligentes, que buscam
novos caminhos. Desta vez, porém, talvez pressionados pela
crise econômica, suas coleções
foram bem menos inventivas
que em outras estações. Mas
nem por isso piores, sobretudo
a de Kane, cujo destaque foram
os sedutores looks em tules em
que ele aplicou faixas de veludo, como "molduras", para dar
um toque construtivo.
Em épocas de dinheiro curto,
os estilistas mais comerciais
acabam se tornando um exemplo, pela firmeza com que transitam há décadas no negócio da
moda. É o caso de Paul Smith,
que mostrou uma coleção inspirada em temas militares e basicamente em cáqui e preto,
convencional, mas muito segura comercialmente.
Duas marcas com participação de brasileiros voltaram a se
apresentar na semana de moda:
Basso & Brooke e Issa. A primeira, que tem entre os sócios
o paulista Bruno Basso, mostrou uma coleção com vertiginosas misturas de estampas,
em looks muito divertidos.
A Issa, da estilista fluminense Daniela Helayel, que vive há
anos na Inglaterra, é hoje uma
das grifes "queridinhas" das
chamadas "it girls" britânicas
(como Lily Allen), com seu
charme superfeminino, interessado em conquistar de cara
as garotas. As estampas gráficas
foram o destaque da coleção,
batizada de "Monja Sexy".
No geral, a semana londrina
pareceu mais preocupada com
o comércio do que com revoluções da moda. Uma vontade de
romantismo percorreu as grifes, mas foi contrabalançado
pelo estilo forte e impactante
dos anos 80 e da era disco (uma
das referências decisivas da
temporada) e também por flertes com o (pós-) punk.
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