São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2001

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CRÍTICA

País recebe tenor "emergente" e coletânea "de ocasião"

ESPECIAL PARA A FOLHA U m tenor "emergente" e uma coletânea "de ocasião" são os dois itens que a Warner está lançando no Brasil por ocasião do ano Verdi.
Foi em meados dos anos 90, com a decadência do trio formado por Carreras, Domingo e Pavarotti, que as grandes multinacionais do disco começaram sua caça por tenores que estivessem à altura deles não apenas na excelência técnica, mas, principalmente, no carisma.
A EMI saiu na frente, com o simpático, porém irregular Roberto Alagna. A Universal pinçou, do mundo pop, aquele de toda a nova safra que é o tecnicamente mais limitado, mas possui a maior fama: Andrea Bocelli. A Sony apostou no límpido timbre de tenor lírico do argentino Marcelo Alvarez. A Warner ficou com aquele que é, por enquanto, o mais sólido de todos: o também argentino José Cura.
O timbre escuro de Cura sugere um tenor abaritonado que começou como barítono e apareceu como regente no disco de estréia de Cura ("Puccini Arias", de 97).
A vocalidade firme do tenor argentino tem-lhe garantido cantar os papéis dramáticos que foram a glória de Domingo (como Otello, Sansão e Don Carlo) nas principais casas de ópera do planeta.
Acompanhando a si próprio como regente, à frente de uma das melhores orquestras do Reino Unido, a Philharmonia, Cura faz um disco com árias de Verdi sem "La Donna È Mobile" e plenamente desfrutável.
O destaque fica para "Dio! Mi Potevi Scagliar" e "Niun mi Tema", trechos da ópera "Otello".
Já "Verdissimo", disco anunciado como "The Very Best of Giuseppe Verdi", não passa de um "catadão" reunindo itens verdianos amealhados no catálogo da Warner. Tem "Marcha Triunfal" da "Aida", "Va Pensiero" (o coro do "Nabucco" que é uma espécie de segundo hino nacional italiano) e o famoso brinde da "Traviata"; embora, pelo caráter requentado da coletânea, "Verdissimo" não mereça figurar na estante de nenhum verdiano de carteirinha, talvez, pelo alto nível artístico das interpretações de seus cantores, bem como pela variedade no repertório, possa servir para iniciar leigos que jamais tenham ouvido falar no compositor italiano.



Verdi Arias
   
Artista: José Cura (tenor)
Lançamento: Erato
Quanto: R$ 50, em média




Verdissimo
  
Artista: vários
Lançamento: Teldec
Quanto: R$ 35, em média




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