|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Lafayette Coelho Vargas volta aos palcos cultuado por bandas jovens; músico se apresenta amanhã em São Paulo
Indies adotam tecladista da jovem guarda
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
O tecladista carioca Lafayette
Coelho Vargas, 61, é um dos mitos
da jovem guarda, mas andava sumido apesar de já ter lançado 28
discos no Brasil e outros muitos
fora daqui. Lafa, para os fãs, é considerado um dos músicos mais
importantes da época do trio
"Rei-Ternurinha-Tremendão". É
dele, por exemplo, o solo de "E
que Tudo Mais Vá pro Inferno",
na primeira versão de Roberto
Carlos. Seus discos são disputados em sebos por jovens músicos.
Só que quase ninguém sabia do
paradeiro do tecladista. Na verdade, poucos sabiam que aquele
som havia sido criado por ele.
As coisas mudaram. Amanhã,
às 20h, Lafayette se apresenta com
a banda Lafayette e os Tremendões no Vivo Open Air, no Jockey
Clube (av. Lineu de Paula Machado, 1.263, tel. 0/xx/11/3031-2030;
R$ 36). Está cercado de jovens de
bandas indies do Rio, como Gabriel Thomás (Autoramas), Nervoso e Renato Martins, do Acabou la Tequila e Érica, do Penélope. Lafayette, que já era objeto de
culto entre os músicos jovens,
agora vira cult entre os indies.
A união improvável e a volta de
Lafayette aos palcos badalados
aconteceu quando Gabriel e Nervoso montaram a banda os Tremendões. Em uma noite do fim
do ano passado, Lafayette se apresentava mais uma vez em um baile em Alcântara (subúrbio de Niterói) com a mulher, Dina. No
meio do baile, o pianista foi abortado por Gabriel Thomás. Munido de 20 vinis de Lafayette, provou que era fã de verdade. E a
união improvável aconteceu e lota espaços de shows no Rio.
"Eu não sabia que os jovens gostavam de mim. Achava que o meu
público era só de pessoas de mais
de 40 anos", diz Lafa. "As pessoas
agora estão gostando daquilo que
a gente fazia, acho surpreendente.
Os jovens achavam que aquilo era
muito água-com-açúcar."
Ele fala do tempo em que ficou
afastado dos holofotes sem mágoas e com resignação. Não sabe
quantos discos vendeu. "Foram
muitos, naquela época a indústria
não era organizada como hoje."
Desde o meio dos anos 70, já havia se contentado com a vida de
tocar em bailes. "Gosto de música, então não me importo de tocar
forró. E estava dando para viver."
Rancor por não estar famoso
como Erasmo e Roberto? Nenhum. "Aqui no Brasil o instrumentista nunca foi muito valorizado. As pessoas preferem quem
está na frente do palco cantando."
Ele se adapta ao som dos jovens.
"Eles tocam um rock mais pesado. Mas eu gosto disso, tem a ver
com o meu início de carreira. Antes de tocar com Roberto e Erasmo eu fazia rock'n'roll." Depois
de gravar com a dupla, passou a
lançar anualmente, ou duas vezes
por ano, a série de discos "Lafayette Apresenta Seus Sucessos".
De 66 a 77 foram 20 discos da série, onde ele mostrava músicas da
jovem guarda e hits internacionais. Lançou dois CDs na década
de 90, ambos sem repercussão.
Agora, um novo mundo, onde
existe mais dinheiro, se abre nos
sonhos de Lafa. A banda já foi
convidada para gravar uns CDs.
"Vamos ver se agora as coisas melhoram nessa nova fase, se tudo
dá certo. Vamos torcer", diz Lafa.
A empolgação de seus amigos
de banda é menos contida. "É um
sonho estar tocando com o Lafayette. É uma daquelas coisas que
não dá para acreditar. Sabe quando uma loucura dá certo?", diz
Nervoso, que guarda um de seus
vinis autografados por Lafa e se
emociona ao lembrar que deu um
disco seu para Lafayette, que pediu um autógrafo. "Ele disse que
era meu fã, não tem como esquecer uma coisa dessas."
Texto Anterior: Versão brasileira do "reality" bateu votação recorde mundial Próximo Texto: Vips, Incríveis e Leno e Lilian seguem em ação Índice
|