São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Menos exuberante que fãs, Placebo se apresenta em SP

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Imitação é a maior forma de lisonja", afirma Brian Molko à Folha, quando indagado sobre o que sente quando vê platéias formadas por clones de seu passado, quando cantava "Nancy Boy" andrógino, hipermagro e maquiado.
Uma imagem cada vez mais diferente da que deve apresentar hoje, no Credicard Hall, em São Paulo. Anteontem, no Rio, Molko estava levemente maquiado, vestindo roupas pretas.
Se havia alguma exuberância glam, era a blusa de paetês do baixista -e a platéia de adolescentes montados e maquiados.
"Acho legal e entendo porque já fui um adolescente e sei que essa idade é uma busca constante por identidade. É uma honra ocupar esse tipo de importância, que é bem mais do que a que realmente tenho."
Realmente, Molko continua em um processo de esvaziamento da persona glam-extravagante que criou há dez anos, quando estreou com "Placebo".
Antes a "filha que David Bowie nunca teve", conforme disse o próprio camaleão do pop, hoje trata-se de um pai de família mais recatado, que diz não querer mais jogar com a mídia. "Não quero ser mais importante que minhas canções. É uma opção consciente", afirma o cantor e guitarrista. "Durante muito tempo habitamos um universo dirigido pela imagem, e isso nos entediou."
Molko afirma que pretende melhorar como artista, dominar mais o processo de criação. "É um contínuo desejo de me aprimorar, por uma busca de simplicidade. "Em "Meds" [último álbum da banda], procurei uma linguagem cada vez mais coloquial, sem floreios, para atingir profundidade."
Simpático ao telefone, de Paris, em entrevista feita há duas semanas, Molko tem boas lembranças -e informações- do Brasil, onde esteve em 2005 para uma turnê de oito shows. Sem que a reportagem fizesse a tradicional pergunta "o que você conhece de música brasileira?", ele declarou, antes de desligar o telefone: "Preciso contar uma coisa: adoro CSS [a banda paulistana Cansei de Ser Sexy]. Eu acho aquele álbum fenomenal".
Sobre a turnê, que passou por oito cidades brasileiras e rebocava um concurso de bandas, também se recorda, sem dar muitos detalhes.
"Todos os shows foram muito bons, mas houve uma cidade, não lembro qual, em que arremessavam muitas coisas ao placo. Houve quem arremessasse sapatos. Ficamos com ele, e a pessoa teve que mancar até sua casa", diverte-se.
Neste mês, a banda fez o lançamento digital de "Covers", disponível apenas pelo iTunes, que inclui a versão de "Running Up that Hill", de Kate Bush, que estava na trilha de "The OC" e "20th Century Boy", do seminal T. Rex, disponível na trilha de "Velvet Goldmine".
Além disso, há versões acústicas exclusivas do iTunes, com três canções do último álbum e "Jackie", de Sinéad o'Connor.
Álbum de inéditas? "Só em 2008", afirma, sem pressa.
Na verdade, quem deve se apressar é o público. No Rio, o show começou na hora prevista, sem os tradicionais atrasos. Ontem ainda havia ingressos em todos os setores.


PLACEBO
Onde:
Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, São Paulo, 0/xx/11/6846-6000)
Quando: hoje, às 21h30
Quanto: De R$ 80 a R$ 200 (meia-entrada de R$ 40 a R$ 100)


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