São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Peça canadense busca inspiração em Dom Quixote

Em "O Lamento de Dulcinea", companhia de Québec faz balé onírico sobre a musa do personagem de Cervantes

Com estreia hoje no Sesc Pompeia, em São Paulo, montagem apresenta coreografia multimídia e próxima do barroco


GUSTAVO FIORATTI
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Depois de lotar, por dois dias, um teatro de 700 lugares no Festival de Curitiba, a montagem canadense "O Lamento de Dulcinea" faz duas apresentações em São Paulo, hoje e amanhã, no Sesc Pompeia. Espécie de show protagonizado pela atriz-bailarina-cantora Dulcinea Lengfelder, a peça tenta distribuir seu peso por disciplinas cênicas diversas, incluindo um trabalho coreográfico multimídia quase barroco, matriz da concepção visual do espetáculo.
A montagem foi concebida pela própria Lengfelder, que há 25 anos fundou sua companhia em Québec com a intenção de pesquisar linguagens multidisciplinares, hoje comuns naquela cidade. "Esse cenário de Québec só foi viabilizado porque nós temos suportes para artes.
É um tipo de produção muito cara e que demanda tempo para ser concluída", diz Lengfelder, que cita o diretor de dramaturgia Robert Lepage como um dos beneficiados por fundos oferecidos pelo governo e pela iniciativa privada.
"O Lamento de Dulcinea" levou cerca de cinco anos para ser montada, e o resultado é um balé onírico criado sobre a imagem da musa inspiradora de Don Quixote, Dulcinea, da obra de Miguel de Cervantes. As projeções se embaralham sobre os vários painéis distribuídos em cena, ou mesmo sobre lençóis esvoaçantes usados para materializar um universo de sonhos e pequenos delírios.
Dom Quixote aparece na figura secundária de uma marionete da altura de um homem. Ainda assim, é nele que reside a representação da mente criativa, de onde teriam surgido as imagens que compõem a peça. Muito embora Dulcinea ganhe vida própria, presa numa espécie de alcova da imaginação, para inclusive trazer reclamações da natureza idealista do personagem central da obra de Cervantes. Também acaba tecendo oposições entre os universos masculino e feminino.
A direção é de Alice Ronfard, que desempenha função tanto criativa quanto técnica. "Ela é meu braço direito para erguer o espetáculo. Mas a concepção é minha e, neste caso, sou eu, como intérprete-criadora, quem dá a palavra final", explica Lengfelder. A semelhança de seu nome -ela também se chama Dulcinea- com a da personagem é mera coincidência.

O repórter GUSTAVO FIORATTI viaja a convite do Festival de Teatro de Curitiba


O LAMENTO DE DULCINEA

Onde: Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 18h.
Quanto: R$ 16.
Classificação: 12 anos


Leia mais em sobre o festival em

www.folha.com.br/100852



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