|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Peça canadense busca inspiração em Dom Quixote
Em "O Lamento de Dulcinea", companhia de Québec faz balé onírico sobre a musa do personagem de Cervantes
Com estreia hoje no Sesc Pompeia, em São Paulo, montagem apresenta coreografia multimídia
e próxima do barroco
GUSTAVO FIORATTI
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Depois de lotar, por dois dias,
um teatro de 700 lugares no
Festival de Curitiba, a montagem canadense "O Lamento de
Dulcinea" faz duas apresentações em São Paulo, hoje e amanhã, no Sesc Pompeia.
Espécie de show protagonizado pela atriz-bailarina-cantora Dulcinea Lengfelder, a peça tenta distribuir seu peso por
disciplinas cênicas diversas, incluindo um trabalho coreográfico multimídia quase barroco,
matriz da concepção visual do
espetáculo.
A montagem foi concebida
pela própria Lengfelder, que há
25 anos fundou sua companhia
em Québec com a intenção de
pesquisar linguagens multidisciplinares, hoje comuns naquela cidade. "Esse cenário de Québec só foi viabilizado porque
nós temos suportes para artes.
É um tipo de produção muito
cara e que demanda tempo para ser concluída", diz Lengfelder, que cita o diretor de dramaturgia Robert Lepage como
um dos beneficiados por fundos oferecidos pelo governo e
pela iniciativa privada.
"O Lamento de Dulcinea" levou cerca de cinco anos para
ser montada, e o resultado é um
balé onírico criado sobre a imagem da musa inspiradora de
Don Quixote, Dulcinea, da obra
de Miguel de Cervantes. As
projeções se embaralham sobre os vários painéis distribuídos em cena, ou mesmo sobre
lençóis esvoaçantes usados para materializar um universo de
sonhos e pequenos delírios.
Dom Quixote aparece na figura secundária de uma marionete da altura de um homem.
Ainda assim, é nele que reside a
representação da mente criativa, de onde teriam surgido as
imagens que compõem a peça.
Muito embora Dulcinea ganhe vida própria, presa numa
espécie de alcova da imaginação, para inclusive trazer reclamações da natureza idealista
do personagem central da obra
de Cervantes. Também acaba
tecendo oposições entre os universos masculino e feminino.
A direção é de Alice Ronfard,
que desempenha função tanto
criativa quanto técnica. "Ela é
meu braço direito para erguer o
espetáculo. Mas a concepção é
minha e, neste caso, sou eu, como intérprete-criadora, quem
dá a palavra final", explica
Lengfelder. A semelhança de
seu nome -ela também se chama Dulcinea- com a da personagem é mera coincidência.
O repórter GUSTAVO FIORATTI viaja a convite
do Festival de Teatro de Curitiba
O LAMENTO DE DULCINEA
Onde: Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel.
0/xx/11/3871-7700)
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às
18h.
Quanto: R$ 16.
Classificação: 12 anos
Leia mais em sobre o
festival em
www.folha.com.br/100852
Texto Anterior: Bienal tem como tema Borges e o autor tcheco Próximo Texto: Aos 50, Renato Russo ganha livro e CD de duetos Índice
|