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SALÃO DO LIVRO
Cerca de 15 mil obras de autores brasileiros foram vendidas para um público de 220 mil pessoas
Brasil bate recorde no evento em Paris
LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial a Paris
"Vai ser muito difícil ultrapassar o Brasil a partir de agora no
salão", afirmou à Folha Jean Sarzana, delegado-geral do Salão do
Livro de Paris.
A afirmação do "dono" do
evento dá uma medida do sucesso
que foi a presença brasileira -o
convidado de honra deste ano-,
que superou as participações espanhola, norte-americana e japonesa -os homenageados dos
anos anteriores.
Embora nem todos os números
tenham sido divulgados, Sarzana
revela que o salão deste ano bateu
os recordes dos anos anteriores e,
segundo ele, muito se deve à escolha do Brasil como convidado de
honra.
Seria o que Sarzana chamou de
"efeito Brasil" -algo a ver, segundo ele, com o espaço mítico
que o país ocupa no imaginário
francês.
"Nunca tivemos uma cobertura
de imprensa tão grande, nacional
e internacional", disse ele.
Em números: 2.000 jornalistas
cobriram o evento -um aumento
de quase 100% em relação ao ano
passado, quando o Japão foi o país
homenageado.
O salão também teve mais de 220
mil visitantes e, embora as principais editoras tenham experimentado um aumento de 5% em média, outras conseguiram alcançar
um crescimento de até 80% nas
vendas.
No estande brasileiro, os livros
também fizeram sucesso. Foram
vendidos quase 15 mil obras de autores brasileiros (escritas em português e francês) trazidas para Paris. Dois mil exemplares a mais do
que o Japão. E os organizadores lamentam que tenham pedido o
mesmo volume de livros que no
ano passado.
Qualidade
"Conseguimos um feito", se regozijava ontem Elmer Barbosa,
responsável pelo Departamento
Nacional do Livro.
Ele creditava o sucesso da participação brasileira à qualidade dos
autores convidados para o 18º Salão do Livro de Paris.
Sarzana afirma que percebeu
que a presença brasileira seria um
sucesso quando viu a lista da delegação de escritores.
"Foi uma presença eloquente e
prestigiosa. Foi bem acima das minhas expectativas. E olha que eu
sou frequentadora desses eventos
internacionais", afirmou a escritora Nélida Piñon, ex-presidente
da Academia Brasileira de Letras.
Ela acredita que o impacto foi
maior porque Paris é um epicentro cultural.
"Foi uma coisa lindíssima. Sou
bastante realista, conheço bem a
França, e a recepção que tivemos
foi extraordinária. Ninguém aqui
me perguntou de samba ou de futebol. Estou aqui porque sou uma
escritora", afirmou Lygia Fagundes Telles.
"Antes de sair do Brasil eu afirmei que o salão seria o maior
evento literário em torno do país.
E isso se confirmou", disse Antonio Torres, que espera que o sucesso alcançado em Paris não seja
"fogo de palha".
Assim como seus colegas, Torres
ficou surpreso com a afluência do
público.
"Todo buraco que a gente entra
tem um monte de gente. Bem mais
do que nas bienais do Rio e São
Paulo", comparou ele.
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