São Paulo, sexta, 27 de março de 1998

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SALÃO DO LIVRO
Cerca de 15 mil obras de autores brasileiros foram vendidas para um público de 220 mil pessoas
Brasil bate recorde no evento em Paris

LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial a Paris

"Vai ser muito difícil ultrapassar o Brasil a partir de agora no salão", afirmou à Folha Jean Sarzana, delegado-geral do Salão do Livro de Paris.
A afirmação do "dono" do evento dá uma medida do sucesso que foi a presença brasileira -o convidado de honra deste ano-, que superou as participações espanhola, norte-americana e japonesa -os homenageados dos anos anteriores.
Embora nem todos os números tenham sido divulgados, Sarzana revela que o salão deste ano bateu os recordes dos anos anteriores e, segundo ele, muito se deve à escolha do Brasil como convidado de honra.
Seria o que Sarzana chamou de "efeito Brasil" -algo a ver, segundo ele, com o espaço mítico que o país ocupa no imaginário francês.
"Nunca tivemos uma cobertura de imprensa tão grande, nacional e internacional", disse ele.
Em números: 2.000 jornalistas cobriram o evento -um aumento de quase 100% em relação ao ano passado, quando o Japão foi o país homenageado.
O salão também teve mais de 220 mil visitantes e, embora as principais editoras tenham experimentado um aumento de 5% em média, outras conseguiram alcançar um crescimento de até 80% nas vendas.
No estande brasileiro, os livros também fizeram sucesso. Foram vendidos quase 15 mil obras de autores brasileiros (escritas em português e francês) trazidas para Paris. Dois mil exemplares a mais do que o Japão. E os organizadores lamentam que tenham pedido o mesmo volume de livros que no ano passado.
Qualidade
"Conseguimos um feito", se regozijava ontem Elmer Barbosa, responsável pelo Departamento Nacional do Livro.
Ele creditava o sucesso da participação brasileira à qualidade dos autores convidados para o 18º Salão do Livro de Paris.
Sarzana afirma que percebeu que a presença brasileira seria um sucesso quando viu a lista da delegação de escritores.
"Foi uma presença eloquente e prestigiosa. Foi bem acima das minhas expectativas. E olha que eu sou frequentadora desses eventos internacionais", afirmou a escritora Nélida Piñon, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras.
Ela acredita que o impacto foi maior porque Paris é um epicentro cultural.
"Foi uma coisa lindíssima. Sou bastante realista, conheço bem a França, e a recepção que tivemos foi extraordinária. Ninguém aqui me perguntou de samba ou de futebol. Estou aqui porque sou uma escritora", afirmou Lygia Fagundes Telles.
"Antes de sair do Brasil eu afirmei que o salão seria o maior evento literário em torno do país. E isso se confirmou", disse Antonio Torres, que espera que o sucesso alcançado em Paris não seja "fogo de palha".
Assim como seus colegas, Torres ficou surpreso com a afluência do público.
"Todo buraco que a gente entra tem um monte de gente. Bem mais do que nas bienais do Rio e São Paulo", comparou ele.



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