São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2001

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Espetáculo investe em filão sexual

ARTICULISTA DA FOLHA

Quando pega, pega. Fenômenos "parateatrais" são os que inexplicavelmente levam um público numeroso ao teatro, público composto também por aqueles que não são chegados a uma peça.
"Trair e Coçar", "Caixa Dois" e "Cinco Vezes Comédia" são alguns nomes de peças recentes com carreiras milionárias e duradouras. Explicar o sucesso delas é arriscado e, se algém tivesse a fórmula, não a venderia assim, barato. Em comum, há riso fácil, elenco carismático e muita malícia.
"Todo Mundo Tem Problemas (Sexuais)" segue o novo manual de peças sobre sexualidade que invadem o mercado, como "Monólogos da Vagina" e "Qualquer Gato Vira-Lata...".
Nos EUA, já existe a resposta para "Monólogos da Vagina": "What's Up with My Penis" (O Que Rola com o Meu Pênis?).
O didático é dramatizado: homens explicam como gostam, e mulheres anunciam que gostam de um outro jeito. Em "Todo Mundo Tem Problemas", um casal de "amantes perfeitos" amarra os seis episódios, dá conselhos e teoriza sobre as matizes do intrincado jogo das relações.
Sexo é o tema da vez, no teatro, na TV e em livros. E é fácil entender por quê. Primeiro, é quase inédito, já que o tema esteve na categoria de pensamentos abjetos e muitas vezes sofreu as amarras da censura. Depois, o que resta hoje a fazer, em dias não-ideológicos, a não ser abrir o zíper das intimidadas mais secretas?
"Talvez seja o tema do milênio, por motivos óbvios. É pouco explorado pela dramaturgia, de Shakespeare a Ibsen. O que mais interessa as pessoas é o sexo. O amor é o efeito colateral", afirma Domingos de Oliveira.
"O momento do sexo é a concentração do que a vida esconde. É onde a vida se define. Há um chamado: venha ser como você é. Tanto que o mundo é separado pelas pessoas com quem transamos e pelas pessoas com que não transamos", diz Pedro Cardoso.
O sexo está superexposto. E o tema não se esgota por enquanto. Como uma brincadeira de médico, ainda se ri ingenuamente de problemas sexuais alheios. E, por trás do fescenino, conta-se a trajetória de mulheres e homens atordoados pelo desejo. (MRP)



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