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Espetáculo investe em filão sexual
ARTICULISTA DA FOLHA
Quando pega, pega. Fenômenos "parateatrais" são os que
inexplicavelmente levam um público numeroso ao teatro, público
composto também por aqueles
que não são chegados a uma peça.
"Trair e Coçar", "Caixa Dois" e
"Cinco Vezes Comédia" são alguns nomes de peças recentes
com carreiras milionárias e duradouras. Explicar o sucesso delas é
arriscado e, se algém tivesse a fórmula, não a venderia assim, barato. Em comum, há riso fácil, elenco carismático e muita malícia.
"Todo Mundo Tem Problemas
(Sexuais)" segue o novo manual
de peças sobre sexualidade que
invadem o mercado, como "Monólogos da Vagina" e "Qualquer
Gato Vira-Lata...".
Nos EUA, já existe a resposta
para "Monólogos da Vagina":
"What's Up with My Penis" (O
Que Rola com o Meu Pênis?).
O didático é dramatizado: homens explicam como gostam, e
mulheres anunciam que gostam
de um outro jeito. Em "Todo
Mundo Tem Problemas", um casal de "amantes perfeitos" amarra
os seis episódios, dá conselhos e
teoriza sobre as matizes do intrincado jogo das relações.
Sexo é o tema da vez, no teatro,
na TV e em livros. E é fácil entender por quê. Primeiro, é quase
inédito, já que o tema esteve na
categoria de pensamentos abjetos
e muitas vezes sofreu as amarras
da censura. Depois, o que resta
hoje a fazer, em dias não-ideológicos, a não ser abrir o zíper das intimidadas mais secretas?
"Talvez seja o tema do milênio,
por motivos óbvios. É pouco explorado pela dramaturgia, de
Shakespeare a Ibsen. O que mais
interessa as pessoas é o sexo. O
amor é o efeito colateral", afirma
Domingos de Oliveira.
"O momento do sexo é a concentração do que a vida esconde.
É onde a vida se define. Há um
chamado: venha ser como você é.
Tanto que o mundo é separado
pelas pessoas com quem transamos e pelas pessoas com que não
transamos", diz Pedro Cardoso.
O sexo está superexposto. E o
tema não se esgota por enquanto.
Como uma brincadeira de médico, ainda se ri ingenuamente de
problemas sexuais alheios. E, por
trás do fescenino, conta-se a trajetória de mulheres e homens atordoados pelo desejo.
(MRP)
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