São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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EXPOSIÇÃO

Mostra recebe Icograda Week em evento paralelo

7ª Bienal de Design Gráfico avalia o impacto do setor no dia-a-dia

LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A 7ª Bienal de Design Gráfico de São Paulo não se caracteriza apenas por apresentar uma galeria com 369 obras bem instaladas, mas por ser uma máquina de pensamento com forte sentido social.
Com abertura hoje, a Bienal acontece num clima de laboratório, num intercâmbio cultural e material, respaldada pelo evento paralelo inédito Icograda Design Week, que reúne grandes nomes do design internacional.
O IDW foi concebido através da parceria da Associação de Designers Gráficos do Brasil (ADG) e a da Icograda, principal entidade mundial do setor.
"Toda a bienal tem uma alma, depende de quem a faz. O "zeitgeist" [espírito da época] de nossa Bienal é questionar o impacto do design no ambiente social, ecológico e econômico", diz o designer Marcelo Aflalo, coordenador-geral da Bienal e do Icograda.
Aflalo observa a diminuição neste ano de projetos gráficos para produtos, segundo ele, "menos éticos". "Antes, as embalagens de cigarro enchiam as bienais. Agora só tem uma, tímida, como quem pede desculpas."
O que também caracteriza a evolução do design, além das conquistas técnicas e sociais, é uma nova orientação das tendências, em que o clássico eixo "Paris-Londres-Nova York" parece estar com seus dias contados, como diz o sul-africano Garth Walker.
O designer é um dos participantes da Conferência Internacional Fronteiras, dentro do Icograda, ao lado de Kurnal Rawat (Índia) ou de Max Bruinsma (Holanda).
Essa "nova geografia" não surge por acaso. "A diversidade cultural enriquece nossas vidas, e nós não queremos parecer-nos uns com os outros", diz Mervyn Kurlansky, presidente da Icograda. "Nossa preocupação é trocar informação e incentivar todos a participar de eventos como esse. Neste sentido, São Paulo está sendo vanguardista", diz Kurlansky.
Uma das conferencistas nos dias 29 e 30 é Alison Joy Page. Descendente de aborígines, trabalha num escritório em Sydney, onde desenvolve projetos com a participação de sua comunidade.
"Sou uma aborígine urbana, cresci na cidade onde estudei design de interiores. É importante não cair em estereótipos: é um desafio levar nossa cultura viva para o mundo contemporâneo", diz.
Rawat, fundador do renomado escritório Grandmother Design, fala sobre suas experiências na área de tipografia, a partir dos padrões visuais da favela de Bombai. Dentro da Bienal, haverá amanhã um encontro latino-americano. "Gostaríamos que fosse uma bienal latino-americana, porque o Brasil é importante na visibilidade do design da América Latina, mas o continente é muito mais do que isso", diz Aflalo.


7ª BIENAL DE DESIGN GRÁFICO DE SÃO PAULO. Quando: de hoje a 30 de maio. Onde: Memorial da América Latina - galeria Marta Traba (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, SP, tel. 0/xx/11/3361-3056, de ter. a dom., das 9h às 18h). Quanto: entrada franca.


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