São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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MÚSICA

"Brasilintime" registra o encontro de Madlib, Cut Chemist, Babu, Wilson das Neves e João Parahyba, entre outros

Estréia filme que registra a reunião de bateristas e DJs

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2002, um time de bambas da bateria formado por Wilson das Neves, Ivan "Mamão" Conti e João Parahyba, além dos gringos Paul Humphrey, Derf Reklaw e James Gadson, se reuniu com quatro dos melhores produtores de hip hop do mundo -os americanos Cut Chemist, Madlib, J.Rocc e Babu- para uma jam session que congestionou um quarteirão da Vila Madalena.
O registro disso resultou no documentário "Brasilintime - Batucada com Discos", do irlandês Brian Cross, que estréia amanhã, no Cinesesc, com shows no Sesc Pompéia.
"Brasilintime" é a versão brasileira -e aprimorada- de "Keepintime", experiência de Cross com bateras e DJs gravada em Los Angeles, nos EUA, que resultou num filme exibido aqui em 2005.
Fotógrafo e pesquisador de hip hop, Cross, 39, que atua sob o pseudônimo B+ (b-plus), diz que a idéia de reuni-los surgiu depois de assistir ao show de uma "lenda do jazz", o baterista Earl Palmer. "Eu o coloquei em um vídeo do DJ Shadow e ele achou incrível. Então, comecei a pensar em fazer um filme com ambos."
Além de Shadow e Palmer, a jam session teve os DJs Cut Chemist, Numark, Shorkut, Madlib, Babu e J-Rocc. Os bateristas eram Humphrey, que tocou com Marvin Gaye no disco "Let's Get It On", Reklaw, dos Pharoahs, Gadson (ex-Earth, Wind and Fire), e Roy Porter (Dizzy Gillespie etc.).
"Eu era o par de Paul Humphrey, o que foi demais, porque sou um grande fã dele", diz Cut Chemist. "Foi uma experiência muito íntima entre bateristas e DJs."
A repercussão foi tão boa que o Red Bull Music Academy, evento anual da marca de energéticos, propôs a Cross que o repetisse em SP. "Fiquei muito feliz e um pouco intimidado", diz ele. "Há uma tradição muito rica no Brasil, que foi revelada no filme."
Cross chegou ao país com uma lista de nomes dos bateristas mais "sampleados" pelos produtores americanos, e os reuniu com a ajuda de DJ Nuts -que acabou integrado à jam session- e de João Parahyba. "Foi uma surpresa encontrar DJs tão importantes como Cut Chemist e Madlib com uma linguagem tão aberta", conta João Parahyba, 56. "Nossa empatia começou nos ensaios: eles faziam um scratch e a gente experimentava um groove."
A graça de "Brasilintime" é que, ao contrário de "Keepiintime", que registra apenas o show, a versão brasileira acompanha os bastidores dos artistas em São Paulo.
Há cenas ótimas com os quatro DJs enchendo a sacola de discos de vinil em lojas e na feira de antigüidades da Vila Madalena. Além de momentos bastante emblemáticos da influência dos bateristas sobre os DJs, como quando Madlib, que fez um disco inteiro com samples do Azymuth, se encontra com Mamão, o baterista do trio.
Cross compõe um cenário ligando o samba e o hip hop, por meio de entrevistas com Wilson das Neves, o dançarino de break Nelson Triunfo e outros. Guiado pela música, o diretor fez um registro sincero e apaixonado -às vezes cansativo- que deve agradar a fãs de ambos os estilos.


Brasilintime - Batucada com Discos
Produção: Brian Cross e Eric Coleman
Direção: Brian Cross (B+)
Onde: sex., às 22h30, no Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 3082-0213; grátis)



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