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MÚSICA
"Brasilintime" registra o encontro de Madlib, Cut Chemist, Babu, Wilson das Neves e João Parahyba, entre outros
Estréia filme que registra a reunião de bateristas e DJs
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2002, um time de bambas da
bateria formado por Wilson das
Neves, Ivan "Mamão" Conti e
João Parahyba, além dos gringos
Paul Humphrey, Derf Reklaw e
James Gadson, se reuniu com
quatro dos melhores produtores
de hip hop do mundo -os americanos Cut Chemist, Madlib,
J.Rocc e Babu- para uma jam
session que congestionou um
quarteirão da Vila Madalena.
O registro disso resultou no documentário "Brasilintime - Batucada com Discos", do irlandês
Brian Cross, que estréia amanhã,
no Cinesesc, com shows no Sesc
Pompéia.
"Brasilintime" é a versão brasileira -e aprimorada- de "Keepintime", experiência de Cross
com bateras e DJs gravada em Los
Angeles, nos EUA, que resultou
num filme exibido aqui em 2005.
Fotógrafo e pesquisador de hip
hop, Cross, 39, que atua sob o
pseudônimo B+ (b-plus), diz que
a idéia de reuni-los surgiu depois
de assistir ao show de uma "lenda
do jazz", o baterista Earl Palmer.
"Eu o coloquei em um vídeo do
DJ Shadow e ele achou incrível.
Então, comecei a pensar em fazer
um filme com ambos."
Além de Shadow e Palmer, a
jam session teve os DJs Cut Chemist, Numark, Shorkut, Madlib,
Babu e J-Rocc. Os bateristas eram
Humphrey, que tocou com Marvin Gaye no disco "Let's Get It
On", Reklaw, dos Pharoahs, Gadson (ex-Earth, Wind and Fire), e
Roy Porter (Dizzy Gillespie etc.).
"Eu era o par de Paul Humphrey, o que foi demais, porque sou
um grande fã dele", diz Cut Chemist. "Foi uma experiência muito
íntima entre bateristas e DJs."
A repercussão foi tão boa que o
Red Bull Music Academy, evento
anual da marca de energéticos,
propôs a Cross que o repetisse em
SP. "Fiquei muito feliz e um pouco intimidado", diz ele. "Há uma
tradição muito rica no Brasil, que
foi revelada no filme."
Cross chegou ao país com uma
lista de nomes dos bateristas mais
"sampleados" pelos produtores
americanos, e os reuniu com a
ajuda de DJ Nuts -que acabou
integrado à jam session- e de
João Parahyba. "Foi uma surpresa
encontrar DJs tão importantes como Cut Chemist e Madlib com
uma linguagem tão aberta", conta
João Parahyba, 56. "Nossa empatia começou nos ensaios: eles faziam um scratch e a gente experimentava um groove."
A graça de "Brasilintime" é que,
ao contrário de "Keepiintime",
que registra apenas o show, a versão brasileira acompanha os bastidores dos artistas em São Paulo.
Há cenas ótimas com os quatro
DJs enchendo a sacola de discos
de vinil em lojas e na feira de antigüidades da Vila Madalena. Além
de momentos bastante emblemáticos da influência dos bateristas
sobre os DJs, como quando Madlib, que fez um disco inteiro com
samples do Azymuth, se encontra
com Mamão, o baterista do trio.
Cross compõe um cenário ligando o samba e o hip hop, por
meio de entrevistas com Wilson
das Neves, o dançarino de break
Nelson Triunfo e outros. Guiado
pela música, o diretor fez um registro sincero e apaixonado -às
vezes cansativo- que deve agradar a fãs de ambos os estilos.
Brasilintime - Batucada com
Discos
Produção: Brian Cross e Eric Coleman
Direção: Brian Cross (B+)
Onde: sex., às 22h30, no Cinesesc (r.
Augusta, 2.075, tel. 3082-0213; grátis)
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