São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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HISTÓRIA

Especial sobre Primeira Guerra remete ao Iraque

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Bons historiadores reconhecem que, ao escrever sobre o passado, refletem o presente, como acontece com qualquer ser humano que reflita sobre o que passou. O episódio sobre a Primeira Guerra desta série abusa dessa prerrogativa. O atual conflito no Iraque é a sombra nada discreta agora.
Se fosse trocado "guerra na Europa" por "guerra no Iraque", o programa continuaria fazendo sentido. Narra-se como "americanos espionavam americanos", como agora; e como o Exército dos EUA estava despreparado para o que viria pela frente, como agora.
O tema básico aqui não é a guerra como um todo, mas a entrada americana nela em abril de 1917. O presidente Woodrow Wilson (1856-1924) havia sido reeleito com a promessa de manter o país fora do conflito, que se arrastava desde 1914. Apesar de neutralista, também era pró-britânico (sua mãe era inglesa).
Wilson "torcia" pelos aliados sem se envolver em combates, ao mesmo tempo que vendia munição e comida para eles. Quando os alemães iniciaram uma guerra submarina sem restrições, passaram a morrer americanos no mar em grande quantidade. E a guerra foi declarada, apesar de largos segmentos da população serem contra -caso dos americanos de origem alemã e irlandesa, cujo país de origem estava sob domínio britânico.
O programa deixa claro como a guerra era impopular em 1917, assim como não há consenso sobre a atuação no Iraque desde 2003. "Em tempo de guerra, o patriotismo significa a supressão da verdade", disse o poeta e capitão do Exército britânico Siegfried Sassoon (1886-1967).
Essa ênfase na crítica cria um problema. Fica-se com a impressão de que tanto faz quem vence, o que não é verdade. Em toda guerra, sempre há um lado pior, cuja vitória seria pior. Foi melhor para o mundo os aliados terem vencido em 1918.


Revelações - Segredos da Primeira Guerra Mundial
Quando: hoje, às 15h, no The History Channel



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