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Livro de Cecília Meireles é o próximo da "Coleção"
"Romanceiro da Inconfidência" estará nas bancas
DA REPORTAGEM LOCAL
"A noção ou o sentimento da
transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade", disse, em uma entrevista, a poeta Cecília Meireles (1901-1964) para explicar a
intimidade que ela desenvolveu com a morte.
O conceito sobre a brevidade
da vida e o sentido da ausência,
que a marcou desde a morte
prematura dos pais, está na base da imaginação criativa da autora desde o primeiro livro,
"Espectros", publicado aos 16
anos, passando por "Mar Absoluto" (1945), até a obra-prima
"Romanceiro da Inconfidência" (1953), próximo volume da
"Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", nas bancas
no domingo que vem.
Cecília iniciou no fabrico
poético com versos de cunho
neo-simbolista, nos quais se
percebe sua ligação com o grupo da revista "Festa", que combatia os supostos excessos do
modernismo. Aos poucos, afastou-se desse programa, investindo em uma poesia autêntica,
em que a sofisticação estética,
sobretudo no que diz respeito à
qualidade musical, alinha-se
com uma alta expressividade
tanto no trato do estado íntimo
quanto no das questões sociais.
Tal preocupação social pode
ser verificada de modo mais ostensivo no "Romanceiro", em
que Cecília conta episódios em
torno da Inconfidência Mineira, desde a presença em Diamantina de Chica da Silva até o
enforcamento de Tiradentes. A
sombra do martírio do alferes
percorre o poema desde o início, quando a descrição da paisagem é tingida pela sombra da
morte ("Cemitério das almas...
-que tristeza/ nutre as papoulas de tão vaga essência?"), e determina o caráter trágico desta
bela "narrativa rimada".
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