São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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Livro de Cecília Meireles é o próximo da "Coleção"

"Romanceiro da Inconfidência" estará nas bancas

DA REPORTAGEM LOCAL

"A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade", disse, em uma entrevista, a poeta Cecília Meireles (1901-1964) para explicar a intimidade que ela desenvolveu com a morte.
O conceito sobre a brevidade da vida e o sentido da ausência, que a marcou desde a morte prematura dos pais, está na base da imaginação criativa da autora desde o primeiro livro, "Espectros", publicado aos 16 anos, passando por "Mar Absoluto" (1945), até a obra-prima "Romanceiro da Inconfidência" (1953), próximo volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", nas bancas no domingo que vem.
Cecília iniciou no fabrico poético com versos de cunho neo-simbolista, nos quais se percebe sua ligação com o grupo da revista "Festa", que combatia os supostos excessos do modernismo. Aos poucos, afastou-se desse programa, investindo em uma poesia autêntica, em que a sofisticação estética, sobretudo no que diz respeito à qualidade musical, alinha-se com uma alta expressividade tanto no trato do estado íntimo quanto no das questões sociais.
Tal preocupação social pode ser verificada de modo mais ostensivo no "Romanceiro", em que Cecília conta episódios em torno da Inconfidência Mineira, desde a presença em Diamantina de Chica da Silva até o enforcamento de Tiradentes. A sombra do martírio do alferes percorre o poema desde o início, quando a descrição da paisagem é tingida pela sombra da morte ("Cemitério das almas... -que tristeza/ nutre as papoulas de tão vaga essência?"), e determina o caráter trágico desta bela "narrativa rimada".


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