São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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Teatro e cinema acolhem ex-"Friends"

David Schwimmer, o Ross da série de TV, dirige a comédia "Maratona do Amor" e planeja filmar clássico de Dostoiévski

Ator volta a trabalhar com grupo teatral que ajudou a fundar e assina roteiro sobre predadores sexuais que aliciam menores na internet


LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma década agitada (três divórcios, dois filhos e um PhD em paleontologia, para resumir em números), Ross Geller foi espairecer no teatro. É nos palcos que, desde o fim da série "Friends" (2004), com mais freqüência se vê David Schwimmer, 41, o ator que viveu o nerd aparvalhado na TV.
Formado nas coxias da Lookingglass Theatre Company (que co-fundou, no fim dos anos 80), em Chicago, ele estreou no West End londrino em 2005 com a comédia "Some Girls", de Neil LaBute, e debutou na Broadway no ano seguinte numa remontagem de "The Caine Mutiny Court-Martial" (que inspirou o filme "A Nave da Revolta").
Na temporada 2008/2009, Schwimmer volta à cena da Lookingglass, onde já fez "O Idiota", de Dostoiévski, e "Odisséia", de Homero. Dostoiévski (com "Os Irmãos Karamazov") ou Thornton Wilder (com "Our Town") apadrinhará o retorno -que encerra um hiato de dez anos.
Antes disso, ele divulga a comédia "Maratona do Amor", em que estréia para valer na direção cinematográfica -o primeiro trabalho, de 98, foi originalmente concebido para a TV.
A história de um segurança que, depois de largar a noiva grávida no altar, tenta reconquistá-la disputando uma corrida chega aos cinemas de São Paulo nesta quarta (no Rio, em 9/5, e depois em circuito nacional). O cenário é a mesma Londres em que ele encenou LaBute três anos atrás. Indício de que há mais liberdade artística por lá do que nos EUA?
"Não sei. Nunca achei que fizesse parte do sistema hollywoodiano, sempre me senti independente, trabalhando em teatro e filmes pequenos. O fato de ter rodado fora do meu país foi um acaso [a produtora inglesa determinou que a ação transcorresse em Londres]", diz Schwimmer à Folha, em entrevista por telefone. "Não tenho um planejamento. Deixo minhas paixões me guiarem."

Fracasso de bilheteria
Em cartaz há um mês nos EUA, "Maratona" foi recebido com frieza pela crítica e rendeu parcos US$ 6 milhões (R$ 10 mi) na bilheteria. O que não parece desestimular o diretor:
"Quero fazer uma nova adaptação d'"O Idiota" para o cinema [Akira Kurosawa realizou uma, em 1951]. Também gostaria de filmar "The Jungle" (a selva), de Upton Sinclair, um grande épico ambientado na Chicago de 1904 [sobre as condições de trabalho degradantes nas indústrias de carne]".
De sua lavra também é um roteiro ainda sem título sobre a atuação de predadores sexuais na internet "e como isso afeta particularmente crianças de 10 a 15 anos". "Meu sonho é ter Tom Hanks como o pai de uma menina aliciada na rede."
As outras aspirações não incluem revisitar "Friends". "Desculpa, cara. Não vejo isso acontecendo." É difícil se dissociar de Ross? "Tenho oportunidades [para criar tipos diferentes], talvez não tantas quanto gostaria. Mas não estou muito preocupado com isso."
A léguas do paleontólogo está o Ray Armstrong de seu próximo filme, "Nothing but the Truth" (nada além da verdade), que vê a mulher ser presa por revelar a identidade de um agente da CIA. Sem falar na girafa à qual ele empresta a voz na animação "Madagascar 2", prometida para o fim do ano.


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