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Teatro e cinema acolhem ex-"Friends"
David Schwimmer, o Ross da série de TV, dirige a comédia "Maratona do Amor" e planeja filmar clássico de Dostoiévski
Ator volta a trabalhar com grupo teatral que ajudou a fundar e assina roteiro sobre predadores sexuais que aliciam menores na internet
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de uma década agitada (três divórcios, dois filhos e
um PhD em paleontologia, para
resumir em números), Ross
Geller foi espairecer no teatro.
É nos palcos que, desde o fim da
série "Friends" (2004), com
mais freqüência se vê David
Schwimmer, 41, o ator que viveu o nerd aparvalhado na TV.
Formado nas coxias da Lookingglass Theatre Company
(que co-fundou, no fim dos
anos 80), em Chicago, ele estreou no West End londrino
em 2005 com a comédia "Some
Girls", de Neil LaBute, e debutou na Broadway no ano seguinte numa remontagem de
"The Caine Mutiny Court-Martial" (que inspirou o filme
"A Nave da Revolta").
Na temporada 2008/2009,
Schwimmer volta à cena da
Lookingglass, onde já fez "O
Idiota", de Dostoiévski, e
"Odisséia", de Homero. Dostoiévski (com "Os Irmãos Karamazov") ou Thornton Wilder
(com "Our Town") apadrinhará o retorno -que encerra um
hiato de dez anos.
Antes disso, ele divulga a comédia "Maratona do Amor",
em que estréia para valer na direção cinematográfica -o primeiro trabalho, de 98, foi originalmente concebido para a TV.
A história de um segurança
que, depois de largar a noiva
grávida no altar, tenta reconquistá-la disputando uma corrida chega aos cinemas de São
Paulo nesta quarta (no Rio, em
9/5, e depois em circuito nacional). O cenário é a mesma Londres em que ele encenou LaBute três anos atrás. Indício de
que há mais liberdade artística
por lá do que nos EUA?
"Não sei. Nunca achei que fizesse parte do sistema hollywoodiano, sempre me senti independente, trabalhando em
teatro e filmes pequenos. O fato
de ter rodado fora do meu país
foi um acaso [a produtora inglesa determinou que a ação
transcorresse em Londres]",
diz Schwimmer à Folha, em
entrevista por telefone. "Não
tenho um planejamento. Deixo
minhas paixões me guiarem."
Fracasso de bilheteria
Em cartaz há um mês nos
EUA, "Maratona" foi recebido
com frieza pela crítica e rendeu
parcos US$ 6 milhões (R$ 10
mi) na bilheteria. O que não parece desestimular o diretor:
"Quero fazer uma nova adaptação d'"O Idiota" para o cinema
[Akira Kurosawa realizou uma,
em 1951]. Também gostaria de
filmar "The Jungle" (a selva), de
Upton Sinclair, um grande épico ambientado na Chicago de
1904 [sobre as condições de
trabalho degradantes nas indústrias de carne]".
De sua lavra também é um
roteiro ainda sem título sobre a
atuação de predadores sexuais
na internet "e como isso afeta
particularmente crianças de 10
a 15 anos". "Meu sonho é ter
Tom Hanks como o pai de uma
menina aliciada na rede."
As outras aspirações não incluem revisitar "Friends".
"Desculpa, cara. Não vejo isso
acontecendo." É difícil se dissociar de Ross? "Tenho oportunidades [para criar tipos diferentes], talvez não tantas quanto
gostaria. Mas não estou muito
preocupado com isso."
A léguas do paleontólogo está
o Ray Armstrong de seu próximo filme, "Nothing but the
Truth" (nada além da verdade),
que vê a mulher ser presa por
revelar a identidade de um
agente da CIA. Sem falar na girafa à qual ele empresta a voz
na animação "Madagascar 2",
prometida para o fim do ano.
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