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Desenhos de J. Carlos voltam em versão digital
Site reúne edições das revistas "O Malho" e "Para Todos" publicadas de 1922 a 1930
Acervo virtual contém 58 mil páginas, que servem de crônica visual da década de 20; projeto também lançou dois livros sobre o autor
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um precioso arquivo dos
costumes e da cultura brasileira nas primeiras décadas do século 20 está ao alcance de alguns cliques na internet desde
o fim de março. Abrigado no
portal Memória Gráfica Brasileira (memoriagraficabrasileira.org), o site jotacarlos.org permite folhear todas as
edições das revistas cariocas "O
Malho" e "Para Todos" publicadas entre 1922 e 1930, período em que a direção artística ficou a cargo do cartunista e designer José Carlos de Brito e
Cunha, o J. Carlos (1884-1950).
Ao todo, são 58 mil páginas
digitalizadas, a partir dos
exemplares vindos da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio
de Janeiro, ou doados por
Eduardo Augusto de Brito e
Cunha, filho de J. Carlos.
Patrocinado pela Petrobras,
o projeto custou R$ 296 mil e
foi executado entre 2005 e
2007 pela fotógrafa, professora
da PUC-Rio e designer Julieta
Sobral e pelo caricaturista Cássio Loredano. Todo o material
digitalizado foi doado à Biblioteca Nacional.
A digitalização não teve só o
objetivo de preservar o acervo
-naturalmente comprometido por conta da curta vida útil
do papel jornal, em que boa
parte das revistas foi impressa-, mas também o de possibilitar o acesso a seu conteúdo, já
que o material somente podia
ser visto, com limitações cromáticas, por meio de microfilmes, na Biblioteca Nacional.
Foliões e melindrosas
Também autor de textos para
o teatro de revista, letrista de
samba e escultor, J. Carlos se
tornou célebre pela vasta galeria de personagens que criou,
não somente para "O Malho" e
"Para Todos", mas também para as revistas "O Tico Tico",
"Fon-Fon" e "O Cruzeiro", entre outras. O site traz alguns
exemplos desses desenhos de J.
Carlos, como políticos, sambistas, foliões e melindrosas.
Segundo Julieta Sobral, o curioso banco de dados das revistas revela também alguns costumes de consumo daqueles
nove anos, desde como as pessoas se vestiam e o que comiam
até as músicas que ouviam, o
que liam e o que viam no teatro
ou no cinema.
"Ambas as revistas são uma
crônica visual dos anos 20. Mas
pode-se dizer que "O Malho" era
mais "masculina", porque se
voltava mais para a política e o
esporte, enquanto a "Para Todos" era mais "feminina", abordando temas como teatro, culinária e moda", diz Sobral, que
ressalta, além dos desenhos, a
sofisticação da diagramação e
da tipografia das revistas.
Todo o acesso ao site é gratuito, para qualquer visitante. No
entanto, alguns dos recursos de
navegação do banco de dados,
como busca por palavras-chave, armazenamento de páginas
e anotações, são limitados a
usuários cadastrados.
Mais livros
O projeto de recuperação dos
trabalhos de J. Carlos foi complementado com o lançamento
de dois títulos, já à venda nas livrarias: "O Vidente Míope" (R$
59; 278 págs.), com organização
de Cássio Loredano e texto do
historiador e professor Luiz
Antonio Simas; e "O Desenhista Invisível" (R$ 52; 200 págs.),
com análise de Sobral sobre sua
atuação como designer gráfico.
Os dois livros foram editados
pela Folha Seca.
De acordo com Sobral, em
breve outras vertentes do trabalho do artista também serão
digitalizadas e virarão livros,
como "J. Carlos na Publicidade" e "J. Carlos para Crianças".
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