|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTILO
Evento acontece hoje à noite, em São Paulo, somente para convidados
Jô Soares lança charutos, que vivem novo boom
JOSIMAR MELO
Colunista da Folha
Hoje à noite Jô Soares vai ser a estrela de mais um lançamento
-mas, desta vez, não de outro livro best seller.
O produto agora é uma linha de
charutos, produzidos nas ilhas Canárias com sementes cubanas e rotulados com o nome do apresentador de TV.
Charutos? Não chega a ser uma
notícia bizarra, nos dias de hoje,
que o nome de um figurão da mídia seja associado a um produto
aparentemente tão elitizado.
Na verdade ele faz parte de nossa
história há muito tempo. Desde
que os europeus chegaram ao continente que chamariam de América, o charuto esteve presente em
nosso solo.
Na expedição de Cristóvão Colombo de 1492, que chegou ao continente que ele acreditou ser a ilha
do Japão, os primeiros indígenas
avistados em Cuba foram considerados semelhantes a "homens-chaminés": portavam bastões fumarentos -e, segundo os relatos
de Rodrigo de Jerez, engoliam fumaça e a soltavam pelas ventas.
Livros
Está certo que, se na obra de Machado de Assis do começo do século todos os cavalheiros sacavam
com naturalidade seus charutos
após o almoço das dez horas da
manhã, hoje em dia pode tal gesto
pode ser menos natural. Mas não
chega a ser estranho que se fume
charutos no Brasil de hoje.
O lançamento da marca Jô Soares é um sintoma disso, mas não o
único: livros sobre o tema vêm
sendo lançados em português
-como "O Mundo do Havana",
dos venerandos comerciantes suíços Gérard Père et Fils (editora Ática), no ano passado, e o mais recente "O Pequeno Livro do Charuto", de Marvin Shanken (editora
DBA).
Este último é um dos símbolos
do "revival" da moda charuteira
nos Estados Unidos -com automáticos reflexos nesta colônia onde vivemos.
Considerando-se a onda moralista e conservadora que assola os
Estados Unidos, Shanken conseguiu um feito prodigioso.
Dono de uma editora de revistas
"pecaminosas" como a "Wine
Spectator" (que divulga o etílico
prazer do vinho), ele lançou em
1992 uma revista voltada para os
amantes dos charutos, a "Cigar
Aficionado".
Um sucesso escandaloso. A revista não somente atingiu em poucos meses a marca de 400 mil
exemplares de venda (em cem países), como também bateu todos os
recordes de volume de publicidade
(em torno de temas masculinos)
ao longo das mais de 400 páginas
de cada uma de suas pesadas edições.
Habitual apreciador dos charutos cubanos -os melhores do
mundo, quando produzidos no diminuto e miraculoso vale de Vuelta Abajo-, Jô Soares empresta seu
nome à divulgação da cultura charuteira dentro de um esquema de
marketing que vem de longe.
Os charutos são produzidos por
uma empresa americana já habituada a produzir linhas com nomes de personalidades como os astros de Hollywood.
Feitas nas ilhas Canárias, as quatro bitolas (entre elas churchill e
robusta) são produzidas com sementes cubanas.
Serão lançadas com grande pompa, hoje à noite, somente para convidados, na cervejaria Jardineira
Beer.
E virão acompanhadas de vários
outros itens (como cortadores e
caixas umidificadas) que ajudam a
manter a mística que envolve, como as volutas de fumaça, o hábito
cada vez mais disseminado e chique de fumar um bom charuto.
Livro: O Pequeno Livro do Charuto
Autor: Marvin R. Shanken
Lançamento: DBA
Quanto: R$ 39 (208 págs.)
Texto Anterior: Download Próximo Texto: Kennedy estocou "habanos" Índice
|