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POP/ROCK
"Toda Cura para Todo Mal" traz 13 canções inéditas do grupo mineiro
Após via-crúcis, Pato Fu lança álbum com pop mais lapidado
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O oitavo álbum do Pato Fu poderia ter saído pela antiga BMG,
pela EMI, pela Warner ou até por
um selo independente, sem qualquer vínculo com a major. Porque
antes de "Toda Cura para Todo
Mal" ganhar a chancela da Sony
BMG, o grupo mineiro enfrentou
uma verdadeira via-crúcis.
"Saímos da BMG e recebemos o
convite do Jorge Davidson para
irmos para a EMI", conta John
Ulhoa, 39, principal compositor
do grupo. Davidson atuou como
diretor artístico da BMG durante
quase todo o tempo em que o Pato Fu esteve na casa. "Negociamos
o novo contrato com a EMI e,
com a caneta na mão para assiná-lo, Jorge foi substituído. Até conversamos com a nova direção,
mas tudo tinha mudado, era uma
outra linha de trabalho."
O grupo procurou então o diretor artístico da Warner. "Começamos a conversar com o Tom
Capone, que era um cara com
quem já pensávamos em trabalhar. Mas, outra vez, quando estávamos às vésperas de assinar,
aconteceu aquela fatalidade."
John acrescenta que, após a morte
de Capone no ano passado, o grupo ainda ouviu propostas de outras gravadoras até optar pela
produção independente.
"Toda Cura" foi inteiramente
gravado em Belo Horizonte, no
estúdio caseiro de John e Fernanda Takai, sem ajuda de ninguém
que não fosse da banda. "Eu fui a
cozinheira, o Ricardo [Koctus,
baixista], o fotógrafo... Até como
roadies trabalhamos", diz Takai,
33, que canta em dez das 13 faixas.
Com o álbum pronto e prestes a
encarar o mercado independente,
a banda recebeu uma proposta da
Sony BMG. A gravadora se responsabilizará pela distribuição e
pelo marketing, mas não ficará
com as fitas originais nem poderá
interferir no ousado plano de divulgação bolado pelos integrantes. "Música de trabalho nunca
funcionou para a gente", avalia
Takai. "Decidimos rodar um clipe
para cada faixa do disco. Todo
mês, um clipe novo, dirigido por
um diretor diferente, estreará em
nosso site [www.patofu.com.br].
Oito já estão prontos."
Nunca a banda havia passado
tanto tempo sem lançar um trabalho de canções inéditas. "Ruído
Rosa" saiu em 2001 e, de lá para
cá, o Pato Fu gravou apenas um
"Ao Vivo MTV" (2002). O especial serviu para introduzir um novo músico na formação: o tecladista Lulu Camargo, ex-Karnak.
Sua presença é facilmente percebida no belíssimo cravo de
"Anormal", faixa que abre o CD.
Em "O que É Isso?" e "Amendoim" podem ser encontradas referências ao nascimento de Nina,
primeira filha do casal central.
Mas John, autor de todas as músicas, nega ter sido influenciado pelo fato. Sua genialidade aparece
em "Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié"
(uma declaração de ateísmo em
levada Jackson Five), "Simplicidade" (balada rural cantada com
voz de robô), "Vida Diet" (soul
orquestrado que remete a "Juxtapozed with U", do Super Furry
Animals), "Estudar pra Quê?"
(pesada provocação para cima da
geração internet) e "Agridoce"
(homenagem às canções de amor
de Roberto e Erasmo Carlos).
O nível de experimentalismo
não é dos mais altos em "Toda
Cura". Em discos anteriores, o Pato Fu já foi mais instigante. O pop
do grupo nunca esteve tão lapidado. Talvez não seja o que se espera
de um CD "semi-independente".
Mas é das melhores coisas que o
rock nacional consegue produzir.
Toda Cura para Todo Mal
Artista: Pato Fu
Lançamento: Sony BMG
Quanto: R$ 30, em média
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