São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2005

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ROCK/"OUT OF EXILE"

Segundo Audioslave soa menos chato

DA REPORTAGEM LOCAL

Geralmente não mais do que uma desculpa para roqueiros cansados voltarem ao estúdio mais uma vez, saírem em turnê-truque e tirarem uma grana, as "superbandas" são fogo que não dura muito. Com este segundo álbum que chega às lojas do mundo nesta semana, o Audioslave escapa à regra.
O Audioslave começou a ser gerado em 2000, após a saída do vocalista Zack de la Rocha dos furiosos Rage against the Machine. Os três integrantes restantes da banda, Tom Morello (guitarra), Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria), decidiram seguir em frente, mudando o nome do grupo e convocando outro vocalista.
Em 2001, Chris Cornell, que passou os anos 80 e 90 liderando os grunge Soundgarden, entrou no barco, saiu um pouco depois e retornou em seguida.
No ano seguinte, veio o álbum, homônimo. Não dá para dizer que o disco foi uma decepção -não dava para esperar nada dali mesmo, um projeto feito às pressas para formar a tal "superbanda".
O disco, afinal, não era nem Soundgarden nem Rage against the Machine; era uma ladainha sem fim sobre política e direitos civis no meio de um punhado de riffs sem imaginação que emulavam o rockão tradicional dos 70, de Led Zeppelin a Deep Purple.
O problema é o exagero que acompanha o Audioslave. Chris Cornell foi um dos vocalistas mais distintos dos anos 90, mas, na nova empreitada, sua voz está sempre um pouco acima do tom; e Tom Morello, um cara com consciência política e social e tal, é, verdade seja dita, um guitarrista bem chato. Auto-indulgente, dá seqüência interminável a algumas notas, abusa de solos...
Este "Out of Exile" conserva alguns dos defeitos de seu antecessor, mas é um disco menos rockão setentista do que o anterior; é, pelo menos, mais agressivo, mais rápido, menos entediante.
A música escolhida para apresentar o disco nas rádios é "Be Yourself". Lembra Chili Peppers e traz, raridade, um pegajoso e não-apelativo riff de Tom Morello. "Ser você mesmo é tudo o que você poderá ser", diz Cornell.
Outra boa do álbum é "Dandelion", balada bem construída, torna-se quase um épico; pena que Cornell não consegue segurar seus gritos e enche a paciência de qualquer um.
"Doesn't Remind Me" resume vários dos defeitos deste Audioslave. Começa como uma balada, lenta, mas depois traz um solo de guitarra tão chato que faz Cornell soar como o melhor dos vocalistas quando sua voz volta a tomar as rédeas da canção.
"Man or Animal" tem um riff inteligente, diferente de guitarra, mas ele é longo e perde o charme após algum tempo. "Drown me Slowly" é um bom respiro, num momento em que o Audioslave não soa nem como RATM nem como Soundgarden nem como uma jam session de roqueiros idosos. Mas tem personalidade, coisa não muito comum neste álbum. (THIAGO NEY)


Out of Exile
   Artista: Audioslave
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 35, em média


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