|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Uruguaio "Whisky" escapa das conclusões
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Pode-se optar pela euforia do
faroeste. O canal TCM dedica a
eles a tarde e a noite. O auge será às 22h, quando exibe "Onde
Começa o Inferno", aliás,
"Rio Bravo" -que, pessoalmente, me parece o maior dos
filmes já realizados.
Mas a opção pelo depressivo
não é nem um pouco insatisfatória, já que, às 20h15, o Telecine Cult exibe "Whisky", do
uruguaio Juan Pablo Rebella.
A palavra whisky aqui corresponde ao "xis" que ordenamos às pessoas que pronunciem na hora de tirar uma foto.
Qualquer uma das palavras leva as pessoas a aparecerem, na
foto, com um sorriso que não
parece artificial, embora o seja.
A questão de "Whisky" é justamente esta: a necessidade de
aparentar algo que não se é. O
solitário Jacobo, dono de uma
pequena indústria no Uruguai,
recebe a visita de Hermann, o
irmão que vive no Brasil.
Como Jacobo não pretende
passar uma má impressão, traz
para casa e leva às viagens que
faz Marta, uma dedicada empregada da fábrica. Rebella vai
nos falar então das relações entre esses dois. O que sente Marta por Jacobo? Será algo que se
assemelha a estima ou mesmo
amor?
A sabedoria do filme está em
suspender o sentido, deixar a
vida se desenvolver sem tirar
conclusões, sem conduzir os
personagens para cá ou para lá
só para contentar o espectador.
Uma pena: Rebella suicidou-se
em julho de 2006. Falta também um pouco de sorte a este
continente.
Texto Anterior: Bia Abramo: "A Grande Família" mantém a forma Próximo Texto: Novelas da semana Índice
|