São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Crítica

Uruguaio "Whisky" escapa das conclusões

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Pode-se optar pela euforia do faroeste. O canal TCM dedica a eles a tarde e a noite. O auge será às 22h, quando exibe "Onde Começa o Inferno", aliás, "Rio Bravo" -que, pessoalmente, me parece o maior dos filmes já realizados.
Mas a opção pelo depressivo não é nem um pouco insatisfatória, já que, às 20h15, o Telecine Cult exibe "Whisky", do uruguaio Juan Pablo Rebella.
A palavra whisky aqui corresponde ao "xis" que ordenamos às pessoas que pronunciem na hora de tirar uma foto. Qualquer uma das palavras leva as pessoas a aparecerem, na foto, com um sorriso que não parece artificial, embora o seja.
A questão de "Whisky" é justamente esta: a necessidade de aparentar algo que não se é. O solitário Jacobo, dono de uma pequena indústria no Uruguai, recebe a visita de Hermann, o irmão que vive no Brasil.
Como Jacobo não pretende passar uma má impressão, traz para casa e leva às viagens que faz Marta, uma dedicada empregada da fábrica. Rebella vai nos falar então das relações entre esses dois. O que sente Marta por Jacobo? Será algo que se assemelha a estima ou mesmo amor?
A sabedoria do filme está em suspender o sentido, deixar a vida se desenvolver sem tirar conclusões, sem conduzir os personagens para cá ou para lá só para contentar o espectador. Uma pena: Rebella suicidou-se em julho de 2006. Falta também um pouco de sorte a este continente.


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