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PERSONALIDADE
Cantor morreu na manhã de anteontem
Wilson Simonal é enterrado, ainda isolado da classe artística
DA REPORTAGEM LOCAL
A classe artística continuou fugindo de Wilson Simonal em seu
enterro, ontem, por volta das
10h30, no cemitério do Morumby, em São Paulo.
O cantor, inventor de um estilo
que fundia samba, jazz, bossa nova e jovem guarda e um dos mais
importantes do Brasil durante a
década de 60, morreu na manhã
de anteontem, de hepatopatia
(doença hepática) crônica. Cerca
de 60 pessoas acompanharam o
sepultamento.
Entre os colegas, compareceram apenas Jair Rodrigues (amigo do cantor deste os anos 60), Sílvio Britto e Pedro Mariano (filho
de Elis Regina, também próxima
de Simonal nos 60), além dos filhos de Simonal, Wilson Simoninha e Max de Castro, que se lançaram neste ano em carreiras solo.
Coroas de flores foram enviadas
pela família Bôscoli e pelo Grupo
VR (a que é ligada a gravadora
Trama, dirigida por João Marcello Bôscoli, filho de Elis e Ronaldo
Bôscoli). "Infelizmente, o meio
artístico não tem muita união.
Devia estar apinhado de gente
aqui hoje", afirmou Jair.
Ele continuou: "Esperava a presença pelo menos dos mais representativos na carreira dele, como
Jorge Ben Jor (autor de "País Tropical", sucesso nacional em 69 na
voz de Simonal). Não sei se ele está sabendo. Ele teria de estar presente de alguma forma. O Flamengo também devia ter um representante aqui, dando adeus a
quem tanto elevou seu nome".
Sobre a ausência de artistas antes próximos de Simonal, como
Roberto Carlos e Erasmo Carlos,
ele disse: "Roberto está lá com os
problemas dele. Foram representados por Wanderléa, que esteve
no velório de manhã".
Jair falou sobre o amigo: "Só sei
do Simonal das horas alegres.
Aquilo que aconteceu com ele, o
fato de de repente brecarem sua
carreira, causou um grande sofrimento, mas ele nunca passava isso para ninguém. Se eu puxava o
assunto, ele dizia: "Deixa para lá'".
Ele falou sobre as suspeitas que
conduziram à derrocada da carreira de Simonal, de que ele fosse
informante do regime militar:
"Tenho certeza absoluta de que
nunca teve nada a ver com aquilo.
Mesmo supondo que fosse verdade, nunca deram o direito de defesa ao rapaz. Sua morte foi decorrência disso, ele procurou se agarrar na bebida".
"Nos anos 60, quem entrasse
para cantar depois do homem
não cantava. Podia ser Elis, Jorge
Ben Jor, Roberto Carlos, quem
fosse", disse. Os filhos de Simonal
não quiseram se manifestar.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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