São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


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PERSONALIDADE
Cantor morreu na manhã de anteontem
Wilson Simonal é enterrado, ainda isolado da classe artística

DA REPORTAGEM LOCAL

A classe artística continuou fugindo de Wilson Simonal em seu enterro, ontem, por volta das 10h30, no cemitério do Morumby, em São Paulo.
O cantor, inventor de um estilo que fundia samba, jazz, bossa nova e jovem guarda e um dos mais importantes do Brasil durante a década de 60, morreu na manhã de anteontem, de hepatopatia (doença hepática) crônica. Cerca de 60 pessoas acompanharam o sepultamento.
Entre os colegas, compareceram apenas Jair Rodrigues (amigo do cantor deste os anos 60), Sílvio Britto e Pedro Mariano (filho de Elis Regina, também próxima de Simonal nos 60), além dos filhos de Simonal, Wilson Simoninha e Max de Castro, que se lançaram neste ano em carreiras solo.
Coroas de flores foram enviadas pela família Bôscoli e pelo Grupo VR (a que é ligada a gravadora Trama, dirigida por João Marcello Bôscoli, filho de Elis e Ronaldo Bôscoli). "Infelizmente, o meio artístico não tem muita união. Devia estar apinhado de gente aqui hoje", afirmou Jair.
Ele continuou: "Esperava a presença pelo menos dos mais representativos na carreira dele, como Jorge Ben Jor (autor de "País Tropical", sucesso nacional em 69 na voz de Simonal). Não sei se ele está sabendo. Ele teria de estar presente de alguma forma. O Flamengo também devia ter um representante aqui, dando adeus a quem tanto elevou seu nome".
Sobre a ausência de artistas antes próximos de Simonal, como Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ele disse: "Roberto está lá com os problemas dele. Foram representados por Wanderléa, que esteve no velório de manhã".
Jair falou sobre o amigo: "Só sei do Simonal das horas alegres. Aquilo que aconteceu com ele, o fato de de repente brecarem sua carreira, causou um grande sofrimento, mas ele nunca passava isso para ninguém. Se eu puxava o assunto, ele dizia: "Deixa para lá'".
Ele falou sobre as suspeitas que conduziram à derrocada da carreira de Simonal, de que ele fosse informante do regime militar: "Tenho certeza absoluta de que nunca teve nada a ver com aquilo. Mesmo supondo que fosse verdade, nunca deram o direito de defesa ao rapaz. Sua morte foi decorrência disso, ele procurou se agarrar na bebida".
"Nos anos 60, quem entrasse para cantar depois do homem não cantava. Podia ser Elis, Jorge Ben Jor, Roberto Carlos, quem fosse", disse. Os filhos de Simonal não quiseram se manifestar.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


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