São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Extensão projetada para Barra Funda pode ser descartada pela nova diretora do museu, Elza Ajzenberg

MAC estuda nova sede dentro da USP

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da concorrência internacional, realizada no ano passado, ter escolhido o projeto do arquiteto suíço Bernard Tschumi para a nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP) na Barra Funda, a nova gestão do museu, tendo à frente a professora Elza Ajzenberg, decidiu reabrir o debate e pode optar por uma nova sede dentro do próprio campus da USP.
Há pouco mais de dois meses, Ajzenberg, professora titular da USP, assumiu o cargo de diretora do MAC. Desde então, manteve-se afastada de pronunciamentos públicos. É compreensível. Sua escolha foi polêmica, afinal ela era a última colocada numa lista tríplice encaminhada pelo conselho do MAC ao reitor da USP, Adolpho Melfi. Pertence a ele a prerrogativa de indicar o diretor do museu e a escolha foi a favor de Ajzenberg, que teve um voto na indicação do conselho do museu contra três para Carmen Aranha e cinco para Martin Grossmann, apoiado pelo então diretor do MAC, Teixeira Coelho.
Desde então, a professora manteve discrição. "Foi um período de prospecção, mas digo que minha gestão não representa uma ruptura em relação à diretoria anterior. Queremos continuar ampliando a visitação pública do museu e manter espaços expositivos fora do campus da universidade", diz Ajzenberg, na primeira entrevista de sua gestão.
Entretanto, nas quase três horas da entrevista, a professora ressaltou o que deve ser a tônica de sua gestão: "O respeito pelos colegiados da universidade". "O MAC pertence a uma das mais importantes universidades da América Latina e de todo o mundo, não podemos deixar de levar em conta a nossa excelência", afirma.
O recado é claro. A gestão de Teixeira Coelho à frente do MAC foi marcada por uma autonomia que não agradou aos colegiados da USP. O confronto explicitou-se quando a Associação de Amigos do MAC organizou o concurso internacional para a escolha do arquiteto da nova sede no museu na Barra Funda, que apontou Tschumi como vencedor, e desagradou especialmente a direção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que não foi consultada para participar do processo.
"A construção do novo museu envolve um grande debate sobre questões culturais na cidade. Essa é uma etapa histórica que será consolidada a partir do segundo semestre", afirma Ajzenberg.
Essa decisão não é uma ducha de água fria no projeto de ampliação? "Não. O concurso foi feito, não se pode ignorar esse fato. Mas é uma questão complexa, que precisa ser debatida", diz.
No entanto, a diretora já apresenta outra alternativa para a nova sede: "Há um projeto para a construção de uma praça na USP, com entrada pela avenida Corifeu de Azevedo Marques, que reunirá outros museus, como o da Ciência. Nesse parque pode estar alojada a nova expansão do MAC".
De concreto a diretora já tem duas mostras programadas para o segundo semestre, ambas fora do campus. Em setembro, será inaugurada na galeria do Sesi, na avenida Paulista, a mostra "Operários na Paulista", com obras do grupo Santa Helena. A organização da mostra envolve sete pesquisadoras e curadoras, entre elas a própria diretora.
Já na sede do MAC no pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, local pouco utilizado pela gestão anterior, será organizada, em outubro, a mostra "Nave dos Insensatos". "Partimos do quadro "Nave dos Insensatos", de Bosch, para apresentar obras do acervo e novas produções de 16 artistas brasileiros", diz a diretora. Entre eles, estão Cláudio Tozzi, Antonio Dias e Wesley Duke Lee.
Para os demais anos -o mandato vai até 2006-, estão previstas três mostras com acervos de museus mexicanos. "Estamos acertando parcerias e devemos trazer mostras modernas e contemporâneas", afirma Ajzenberg.



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