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Cultura livre encerra evento com pedido de isenção de taxas
Acesso aberto e ampliação dos direitos digitais foram conclusões da segunda edição do iSummit, no Rio, que teve participação até da poderosa Microsoft
ALEXANDRE MATIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Menos de uma hora depois
de ter anunciado as duas declarações que resumiram os trabalhos de três dias de discussão e
execução de projetos e iniciativas ligadas à cultura livre do segundo iSummit, encontro que
aconteceu durante o fim de semana passado no Rio de Janeiro, o advogado norte-americano Lawrence Lessig, idealizador da grife legal Creative Commons, era arremessado para
dentro da piscina na cobertura
do hotel, enquanto os participantes e palestrantes do evento
bebericavam taças de uma certa "cerveja de código aberto",
chamada Free Beer.
Foram três dias de apresentações e painéis de discussão a
respeito de iniciativas e interesses que dizem respeito a certas crises do conhecimento
moderno e a modelos econômicos para superá-las.
Representantes de instituições como Access to Knowledge, Open Society Institute, Wikipedia e Google estavam presentes, contribuindo para o debate sobre compartilhamento
de conhecimento e propriedade intelectual, que teve momentos de frisson, como nas
duas declarações que encerraram o evento.
"The Rio 2006 Declaration
on Open Access" (a declaração
Rio 2006 sobre acesso aberto)
inicia um movimento para
isentar de taxas e cobranças
quaisquer reproduções de
obras que tenha caráter acadêmico e "The Rio 2006 Declaration on Digital Rights Management" (a declaração Rio 2006
sobre gestão de direitos digitais) propõe a substituição do
atual modelo de indexação de
obras digitais pelas licenças
Creative Commons. Anunciadas na última sessão do domingo, as declarações tiveram efeito catártico sobre os participantes, mas não foram seus
pontos mais intensos.
Estes aconteceram nos dois
primeiros dias. O primeiro
quando, de surpresa, a Microsoft, empresa-símbolo das causas contrárias dos intelectuais
ali reunidos, foi convidada para
a cerimônia de abertura para
anunciar um plug-in para seu
software Word, que embute
uma licença Creative Commons em qualquer documento
produzido no programa.
A presença da empresa e sua
estranha parceria com a marca
fez com que ativistas presentes
sacassem narizes de palhaço.
O segundo aconteceu quando a Radiobrás, a empresa estatal de radiodifusão, anunciou
que todo o seu conteúdo seria
disponibilizado através das licenças CC, inclusive para uso
comercial de terceiros, e foi
saudada com aplausos entusiasmados.
Pelos corredores, desfilou
um verdadeiro "quem é quem"
da cultura livre, do ministro-cantor Gilberto Gil (Cultura),
que participou da abertura do
evento, ao escritor Cory Doctorow; de Jimmy Wales, criador
da enciclopédia editável Wikipedia, ao fundador da Electronic Frontier Foundation, John
Perry Barlow.
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