São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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MICHAEL JACKSON 1958-2009

Remédios podem ter matado Jackson

Uma das hipóteses levantadas seria a morte por overdose acidental de anestésico Demerol, de uso restrito no Brasil

Sumiço de cardiologista que é médico particular do músico e último a tê-lo visto com vida intriga a polícia de Los Angeles

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

O escritório do legista do Condado (divisão administrativa) de Los Angeles disse que Michael Jackson tomava vários remédios sob prescrição médica, mas que determinar a causa precisa de sua morte vai exigir exames e testes que podem levar entre quatro e seis semanas. O legista-chefe disse que o corpo do músico não mostrava sinal de trauma nem evidência de machucados intencionais.
A evasiva do órgão do governo se deve a pedido da família do músico, morto anteontem aos 50 anos em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Outra hipótese que a polícia investiga é se a morte foi em decorrência de uma overdose acidental de um anestésico derivado do ópio de uso restrito em vários países, inclusive no Brasil. O narcótico Demerol, semelhante à morfina, teria sido injetado em Jackson por seu médico particular às 11h30 de ontem, minutos antes da parada cardiorrespiratória irreversível que acabaria por matá-lo.
A informação foi passada por uma pessoa ligada à família de Jackson ao TMZ, site que revelou primeiro a morte do músico. Segundo esse portal de celebridades, o médico morava na mesma casa de Jackson.
Apesar da névoa que cerca o caso, aos poucos alguns detalhes vão sendo confirmados pelos envolvidos na investigação ou por pessoas próximas do músico e dos Jackson.
Um deles é que o carro pertencente à irmã de seu médico particular, uma BMW prata, foi guinchado da casa do músico e levado para revista pela polícia, em busca de remédios, drogas ou outro indício que ajude a esclarecer as circunstâncias da morte do astro.
O médico é o cardiologista Conrad Robert Murray, que atende clientes nos Estados da Califórnia, onde o músico vivia nos últimos meses, de Nevada, onde Jackson morou por um tempo, e do Texas.
A polícia confirmou que falou com ele na quinta e que tentava falar de novo com ele ontem, sem sucesso.
"Esperamos que ele venha reclamar seu carro", disse a porta-voz Amanda Betat. A investigação continuava sendo não criminal, afirmou ela.
Na gravação da chamada de emergência feita na quinta-feira a partir da casa que o músico alugava e que foi divulgada ontem pelo Corpo de Bombeiros de Los Angeles, o interlocutor que pede socorro diz ao atendente que um médico fazia massagem cardiorrespiratória em Michael Jackson naquele momento sem sucesso. Não diz o nome dele.

Demerol
Michael Jackson seria usuário habitual do anestésico, de acordo com um advogado ligado à família, Brian Oxman.
Em 2005, a droga e seringas foram encontradas em busca em Neverland, rancho em que o músico vivia, na Califórnia, pelo promotor que liderava a investigação por acusação de assédio sexual de menores. Jackson acabaria inocentado.
Se confirmada a hipótese, o músico terá sido a mais recente vítima no show business do mesmo tripé de overdose acidental, demora na busca de socorro e leniência de amigos e pessoas próximas que nos últimos tempos custou a vida do ator Heath Ledger, o Coringa do filme "Batman", e da ex-playmate Anna Nicole Smith.
A família do músico, morto anteontem aos 50 anos em circunstâncias não esclarecidas até agora, se reuniu por horas com detetives responsáveis pelas investigações e médicos que conduzem os exames no corpo de Jackson.

Músico "espetacular"
Ontem, o presidente Barack Obama rompeu protocolo em situações do tipo e fez um comentário considerado comedido sobre a morte do músico.
Disse que Michael Jackson tinha sido um artista "espetacular", mas que alguns aspectos de sua vida eram "tristes e trágicos". Na Câmara dos Representantes (deputados federais), instados por Jesse Jackson Jr., de Illinois, os presentes fizeram um minuto de silêncio.


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