São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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Em Los Angeles, coral despede-se com "Billie Jean"

Vendedores passaram a noite fabricando produtos ligados ao músico; a camiseta saía por US$ 10; o pôster, por US$ 8

Polícia local fechou parte da rua próxima à estrela do cantor na Calçada da Fama de Hollywood, onde fãs faziam fila para fotografar


DO ENVIADO A LOS ANGELES

Não, Los Angeles não parou para velar a morte de Michael Jackson. Pelo menos até a conclusão desta edição, o clima era mais contido do que os que cercaram outras mortes trágicas de personalidades da música, como a do ex-Beatle John Lennon em Nova York, em 1980, ou celebridades mundiais, como a princesa Diana, em 1997, nas ruas de Paris, na França.
Talvez porque a base de fãs de Jackson sempre achou que uma certa dose de tragédia era inevitável na vida de um músico que, segundo ele próprio, era espancado pelo pai ainda pequeno, para aprender os passos de dança e as letras da música com que ele e irmãos encantariam o mundo na frente da TV. Ou que foi embranquecendo e tendo o nariz afinado a cada aparição pública.
Ou que foi acusado por três vezes, ao menos, de ter abusado sexualmente de menores -nas duas primeiras, ele fez acordo com as famílias. Na mais recente, em 2005, foi inocentado. "É triste, mas não inesperado", disse à Folha Teresa Salceda, segurando um cartaz.
A mexicana de 46 anos, que vive em Los Angeles há 16, era uma das duas dezenas que tomavam a esquina da rua da casa que Jackson alugava, em Holmby Hills, bairro rico de Los Angeles, e que ontem já estava bloqueada pela polícia.
Ela e suas colegas tinham sido enviadas para lá por seu patrão, o empresário de tecelagem Christian Audigier, que se diz o maior fã local do músico.
Ele dispensou suas 200 funcionárias, a maioria mexicanas como Salceda, para que fossem cantar num coral improvisado e com forte sotaque espanhol músicas como "Billie Jean".
Prestimosas, elas levaram também flores, velas e bichinhos de pelúcia para enfeitar a cerimônia. Dominavam o local, de resto com poucos fãs.
Isso não impediu que Alessandra Anderson, estudante de 19 anos de Burlington, Connecticut, arrastasse os pais e a irmãzinha até a cidade, para que ela prestasse o que chamou de última homenagem ao músico. "Gostava da fase mais clássica, dos anos 80", diz ela. "Eu sei, eu nem tinha nascido."
A 20 minutos dali, na Calçada da Fama de Hollywood, a polícia fechava parte da rua para que centenas de fãs pudessem posar perto do bloco com o nome do astro no chão e ali depositar bilhetes, flores, CDs.
São vendedores de camisetas e pôsteres, na maioria, além de alguns sem-teto que eram expulsos discretamente pelos policiais. Ontem, o comércio era quase monotemático. Os vendedores passaram a noite fazendo produtos ligados ao músico. A camiseta saía por US$ 10; o pôster, por US$ 8.
Imitadores de personagens famosos, que posam para fotos em troca de uma "contribuição", notaram a presença de um personagem que há muito não aparecia. Ao lado de um "Obama" e de um "Zorro", era ele, "Michael Jackson", de luva branca, cabelos pretos escorridos e chapéu. (SÉRGIO DÁVILA)


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