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Em Los Angeles, coral despede-se com "Billie Jean"
Vendedores passaram a noite fabricando produtos ligados
ao músico; a camiseta saía por US$ 10; o pôster, por US$ 8
Polícia local fechou parte da
rua próxima à estrela do
cantor na Calçada da Fama de Hollywood,
onde fãs faziam fila para
fotografar
DO ENVIADO A LOS ANGELES
Não, Los Angeles não parou
para velar a morte de Michael
Jackson. Pelo menos até a conclusão desta edição, o clima era
mais contido do que os que cercaram outras mortes trágicas
de personalidades da música,
como a do ex-Beatle John Lennon em Nova York, em 1980, ou
celebridades mundiais, como a
princesa Diana, em 1997, nas
ruas de Paris, na França.
Talvez porque a base de fãs
de Jackson sempre achou que
uma certa dose de tragédia era
inevitável na vida de um músico que, segundo ele próprio, era
espancado pelo pai ainda pequeno, para aprender os passos
de dança e as letras da música
com que ele e irmãos encantariam o mundo na frente da TV.
Ou que foi embranquecendo e
tendo o nariz afinado a cada
aparição pública.
Ou que foi acusado por três
vezes, ao menos, de ter abusado
sexualmente de menores -nas
duas primeiras, ele fez acordo
com as famílias. Na mais recente, em 2005, foi inocentado. "É
triste, mas não inesperado",
disse à Folha Teresa Salceda,
segurando um cartaz.
A mexicana de 46 anos, que
vive em Los Angeles há 16, era
uma das duas dezenas que tomavam a esquina da rua da casa que Jackson alugava, em
Holmby Hills, bairro rico de
Los Angeles, e que ontem já estava bloqueada pela polícia.
Ela e suas colegas tinham sido enviadas para lá por seu patrão, o empresário de tecelagem Christian Audigier, que se
diz o maior fã local do músico.
Ele dispensou suas 200 funcionárias, a maioria mexicanas
como Salceda, para que fossem
cantar num coral improvisado
e com forte sotaque espanhol
músicas como "Billie Jean".
Prestimosas, elas levaram
também flores, velas e bichinhos de pelúcia para enfeitar a
cerimônia. Dominavam o local,
de resto com poucos fãs.
Isso não impediu que Alessandra Anderson, estudante de
19 anos de Burlington, Connecticut, arrastasse os pais e a irmãzinha até a cidade, para que
ela prestasse o que chamou de
última homenagem ao músico.
"Gostava da fase mais clássica,
dos anos 80", diz ela. "Eu sei, eu
nem tinha nascido."
A 20 minutos dali, na Calçada da Fama de Hollywood, a
polícia fechava parte da rua para que centenas de fãs pudessem posar perto do bloco com o
nome do astro no chão e ali depositar bilhetes, flores, CDs.
São vendedores de camisetas
e pôsteres, na maioria, além de
alguns sem-teto que eram expulsos discretamente pelos policiais. Ontem, o comércio era
quase monotemático. Os vendedores passaram a noite fazendo produtos ligados ao músico. A camiseta saía por US$
10; o pôster, por US$ 8.
Imitadores de personagens
famosos, que posam para fotos
em troca de uma "contribuição", notaram a presença de
um personagem que há muito
não aparecia. Ao lado de um
"Obama" e de um "Zorro", era
ele, "Michael Jackson", de luva
branca, cabelos pretos escorridos e chapéu.
(SÉRGIO DÁVILA)
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