|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Militante apaixonado do teatro, fez da generosidade a sua marca
LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA
O amor pelo teatro é comum, mas raros são os que
fazem dele o sentido de suas
vidas. Alberto Guzik é desses.
Manteve-se sempre um dileto parceiro de Dioniso.
Conheci Alberto quando
eu pesquisava a obra do ator
e encenador paulistano Luiz
Roberto Galizia. Guzik tinha
sido seu professor e amigo.
Foi de seus relatos sobre
aquele artista que colhi o material mais precioso da pesquisa. A generosidade do seu
olhar crítico era notória.
Suas críticas caracterizavam-se por buscar a cumplicidade com os artistas examinados. Sem viés dogmático,
teve sempre um olhar interessado tanto pelas formas
mais populares como pelas
experimentações radicais da
linguagem cênica.
Como escritor produziu os
antológicos "TBC: Crônica de
Um Sonho", referência sobre
o Teatro Brasileiro de Comédia, e "Risco de Vida", retrato
do meio teatral de São Paulo.
Recentemente, quando
critiquei um espetáculo em
que era ator, tomou as dores
do dramaturgo a cujo trabalho fiz restrições. A mesma fidalguia que sempre demonstrou como crítico aparecia
agora na defesa do artista.
Alberto Guzik experimentou todas as posições do jogo
teatral e em todas militou
com paixão. O vazio que a
sua morte deixa só realça o
belo arco que traçou em vida.
Texto Anterior: Morre o crítico e ator Alberto Guzik, 66 Próximo Texto: Repercussão Índice
|