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VISUAIS
Instituto Tomie Ohtake inaugura hoje retrospectiva de Anna Bella Geiger e instalação inédita de Ana Maria Tavares
Artistas mostram mundo visto do convés
JULIANA MONACHESI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As metáforas oceânicas não se
esgotam nas exposições "Obras
em Arquipélago" e "Enigmas de
uma Noite com Midnight Daydreams (da série Dream Stations)", que são inauguradas hoje
no Instituto Tomie Ohtake.
A primeira, uma retrospectiva
de Anna Bella Geiger, explora a
condição insular da artista no cenário da arte brasileira. Da produção conceitual dos anos 60 até trabalhos novos, a exposição evidencia a contemporaneidade desta
produção que caminhou sempre
à revelia da voga. As pinturas, por
exemplo, que equacionam o telúrico a arquétipos e faturas diversas são "um esperanto pictórico
assustador", afirma Adolfo Montejo Navas.
O curador espanhol pôs as gravuras viscerais dos anos 60 em
frente às famosas obras em que a
artista desconstrói geografias, como na série de objetos "Fronteiriços", para mostrar que a obsessão
plástica com as cartografias é talvez o conceito central de sua trajetória, apesar de Anna Bella trabalhar com uma rica gama de elementos. "As ilhas estão unidas pelo que as separa."
O mar figura na instalação de
Ana Maria Tavares de modo vertiginoso. Em um espaço de imersão que remete ao lounge de aeroporto, ao interior do ônibus e
também a um deque de navio,
confortáveis poltronas de ônibus
leito convidam o espectador a vivenciar uma mescla da experiência de espaço público e privado.
Deitado ou em pé, está mergulhado em um filme com imagens
captadas nos anos 30 por um capitão da marinha mercante alemã. As imagens são projetadas
em uma parede e refletidas por
outra, coberta de espelhos.
Parte de uma produção conhecida por promover uma suspensão espaço-temporal que dilata o
presente ("Relax'o'Visions", "Visiones Sedantes" etc.), "Enigmas
de uma Noite" coloca em uma
perspectiva completamente nova
a obra de Ana Tavares. Não apenas por inserir a variável passado
no léxico da artista, mas porque
ressignifica a temática acerca da
condição transitória que define o
ser humano. Ao som de uma trilha randômica feita a partir de
gravações do pregão da Bolsa de
Mercadorias e Futuros, vemos
que a passagem pelo mundo é, ao
fim e ao cabo, muito solitária.
ANNA BELLA GEIGER E ANA MARIA
TAVARES. Onde: Instituto Tomie Ohtake
(av. Faria Lima, 201, SP, tel. 0/xx/11/
6844-1900). Quando: vernissage hoje, às
20h; de ter. a dom., das 11h às 20h; até
2/9. Quanto: entrada franca.
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