|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bienal exclui Edemar de conselho
30 conselheiros votaram pela saída do ex-banqueiro; houve apenas um voto pela permanência
O artista Cildo Meirelles, que havia se retirado da Bienal por conta da presença de Edemar, diz
que ainda não sabe se volta
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Bienal de São
Paulo empossou anteontem
parte de seus conselheiros reeleitos e votou pela exclusão de
Edemar Cid Ferreira do conselho. Edemar havia sido reeleito
em 20 de junho, numa decisão
que gerou incômodo no meio
artístico e culminou com a saída de Cildo Meireles, um dos
principais nomes das artes
plásticas brasileiras, da mostra.
Trinta e três dos 60 conselheiros compareceram à reunião. Trinta votaram pela saída
de Edemar, e houve duas abstenções (Julio Landmann, ex-presidente da Bienal, e Arnold
Wald Filho). O editor Pedro
Paulo Sena Madureira foi o
único conselheiro a votar pela
permanência do ex-banqueiro.
"Senna Madureira fez um
longo discurso durante a votação. É um intelectual sofisticado, falou com argumentos e citações. Todo mundo sabe que
ele conhece muito bem Edemar, de quem foi amigo e assessor", disse o arquiteto Miguel
Pereira, presidente do conselho da Bienal.
Lisette Lagnado, curadora da
27ª edição da Bienal, afirmou
ontem à tarde que ainda não
havia recebido nenhuma manifestação de Cildo Meireles.
"Eu nunca retirei o convite.
Na carta que enviou à Bienal,
ele dizia que preferia ser excluído da convivência com Edemar. Isso não existe mais. Seria
coerente se ele reconsiderasse
a decisão", disse ela. Lagnado
afirmou ainda que a reeleição
de Edemar para o conselho não
teve interferência sobre seu
trabalho como curadora. "Tudo
o que eu quis fazer foi feito."
Cildo Meireles diz não ter decidido ainda se volta ou não a
participar da mostra, que começa dia 4 de outubro. "Recebi
a notícia há pouco e ainda não
conversei com ninguém, mas
vou repensar a questão."
Edemar entrou na Fundação
Bienal em 1992, como membro
do conselho administrativo.
Entre 1993 e 1997, foi presidente da diretoria executiva da instituição. O ex-banqueiro está
preso desde maio, sob acusação
de ocultar bens da Justiça. O
presídio de Tremembé 2 (interior de SP), em que se encontra
desde junho, é destinado a presos especiais -caso de Edemar,
que tem curso superior.
O conselho da Bienal é formado por 60 membros, dos
quais 15 são vitalícios. Na reunião de 20 de junho, a maior
parte dos 45 conselheiros não-vitalícios foi reeleita, mas três
pediram para não mais fazer
parte da instituição. "Eles alegaram que não estão conseguindo acompanhar as atividades", disse Miguel Pereira.
Texto Anterior: Restaurantes estrelados de SP desafiam o tempo Próximo Texto: Show: Começa a venda de ingressos para New Order Índice
|