São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Crítica

Fincher faz de "Zodíaco" um filme moderno

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A horas tantas de "Zodíaco" (HBO, 19h15; não recomendado para menores de 14 anos), o inspector Toschi (Mark Ruffalo) vai ao cinema para assistir a "Perseguidor Implacável", o filme de Don Siegel criado a partir do próprio Toschi e de sua luta para pegar o mesmo "serial killer" de "Zodíaco".
Por um lado, é muito irônico: em "Perseguidor Implacável", tudo se resolve, enquanto em "Zodíaco" o investigador está às cegas em sua busca. Ao mesmo tempo, a solução é informativa: o filme de Siegel é de 1971 e, quando é feito, Toschi está há muito tempo atrás do assassino. Muitos anos passarão antes que o filme chegue ao final.
Por outro lado, David Fincher afirma aqui toda a diferença entre um filme clássico, o de Siegel, e um moderno, o seu. Em "Perseguidor", o mistério se encaminha para a dissolução: deve ser esclarecido para que a ordem seja reinstaurada.
Em "Zodíaco", ao contrário, todo o tempo nos perguntamos o que será do mistério e das pessoas envolvidas, como o repórter (Robert Downey Jr.), que se consome à medida que o mistério evolui.
"Zodíaco" seria um bom filme em qualquer circunstância. A atual, com as idas e vindas do caso Daniel Dantas, nos lembra como entre verdades evidentes e mistérios insondáveis a distância pode ser curta. Eu já havia visto alguns filmes de Fincher, talvez não tenha entendido o que ele queria ou agora ele foi mais claro. "Zodíaco" me pareceu impressionante.


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