Caixa reúne bastidores que retratam dificuldades enfrentadas pela equipe

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há nada melhor do que ser um explorador de poltrona. Sentar aconchegado com o gato no colo ou o cachorro ao lado, com uma lareira acesa ou um ventilador ligado, enquanto a TV mostra pinguins enfrentando temperaturas de -70C ou elefantes migrando no deserto de Kalahari em busca de água.
A série "Planeta Terra", da BBC, permite essa exploração tranquila da fantástica variedade de ambientes e de seres vivos do planeta mais adequado à vida do Sistema Solar.
As imagens são simplesmente sensacionais. Vão do macro ao micro, de imagens de satélite revelando a passagem das estações a cenas de larvas de mosquito tentando se agarrar em rios de forte corredeira.
É justamente a combinação de vários pontos de visão que torna os documentários imperdíveis. Cenas de migração, por exemplo, são mais bem compreendidas se filmadas do ar, como diz o veterano narrador da BBC David Attenborough.
Já o momento em que uma ursa-polar e seus filhotes saem da caverna após meses de hibernação merece uma filmagem próxima e do nível do chão.
Os documentários abusam -no bom sentido- de técnicas como câmera lenta ou seu contrário, a gravação de uma sequência durante dias que será exibida em meros segundos. O ataque de um tubarão-branco a uma foca dura um segundo, mas em câmera lenta é possível ver a eficiência e a letalidade desse superpredador.
A série completa vem em quatro DVDs, incluindo bastidores que permitem entender as dificuldades enfrentadas e a dedicação dos realizadores.
A integração do macro e do micro permite também perceber como os ambientes do planeta e os seres vivos dependem uns dos outros. Poeira do deserto do Saara vem parar na floresta amazônica, por exemplo. O documentário começa afirmando que cem anos atrás a população humana era de 1,5 bilhão. Hoje passa de 6 bilhões.
Alguns dos resultados dessa pressão humana sobre o ambiente estão na série, como a sobrevivência de meros 40 leopardos de Amur.