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Lente de Seliger narra história do pop
Fotógrafo, que já fez mais de cem capas para a "Rolling Stone" americana, vem em agosto ao Brasil para dar palestras
Mais recente livro do americano traz retratos de artistas como Paul McCartney, Justin Timberlake e Gilberto Gil
CLARICE CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ano é 1992, e o Red Hot
Chili Peppers acaba de lançar
"Blood Sugar Sex Magik". Graças ao sucesso do álbum, a banda seria a capa da próxima
"Rolling Stone" americana. Para a tarefa, foi escalado o novo
editor de fotografia da revista,
Mark Seliger. O resultado virou
uma imagem histórica da revista e da cultura pop em geral.
"Queria pintá-los de vermelho, porque era o Red Hot, sabe? Eles não gostaram muito,
mas o Flea [baixista] achou engraçado e topou", relembra Seliger. "Depois de gastar um
monte de tinta sem conseguir o
que queria, entrei na deles, que
provavam várias roupas. No
fim, eles estavam pelados, e eu
tinha uma imagem ótima!"
A foto em questão está em
"The Music Book", livro que
Seliger, 50, acaba de lançar, em
inglês, e que traz outras 90 fotos de grandes artistas da música. É quase uma evolução histórica do "Homo musico", define
Tom Wolfe no prefácio.
Assim, unindo uma ideia a
uma construção colaborativa
com o personagem, nasceram
imagens ousadas do livro, como
a do rapper P. Diddy sentado
em um trono dourado em plena
Times Square. "Para conseguir
a foto, provavelmente venço
pelo cansaço, refazendo-a de
novo e de novo", brinca. "Às vezes, os artistas não querem seguir com minhas ideias ou é
preciso negociar. Mas não é
uma questão de convencer ninguém a fazer nada, mas sim de
desenvolver um bom conceito
que renda uma bela foto."
É um trabalho que começa
com uma longa e cuidadosa
pré-produção -a Tom Wolfe a
diretora de fotografia da "Rolling Stone", Jodi Peckman,
disse que, certa vez, antes de
uma sessão, Seliger se internou
por três dias na Biblioteca Pública de Nova York em busca de
referências. Uma vez que o personagem chega ao estúdio, o
clique perfeito pode acontecer
em meia hora ou depois de um
dia todo de trabalho.
Mesmo com todo o cuidado,
ele não é contra retoques -tanto que John Frusciante foi apagado da tal foto dos Chili Peppers porque saiu do grupo antes de a revista chegar às bancas. "Só tomamos cuidado para
não retocar demais e a foto ficar parecendo uma ilustração",
diz o premiado fotógrafo norte-americano.
A atenção a detalhes se mostra nas mais de cem capas que
fez quando trabalhou na revista
(de 1992 a 2002), após assumir
o posto que foi de Annie Leibovitz -cujos passos diz que não
seguiu, mas que "abriram muitos caminhos".
"O livro é uma boa biblioteca
do meu trabalho. Mergulhei
nos arquivos de anos de música
que retratei e selecionei aquelas fotos que tinham um tom
histórico e icônico, tendo como
referência todas as sessões que
fiz", afirma. "O processo me
trouxe grandes memórias e
serviu como uma redescoberta
da fotografia para mim."
Conhecido pelas fotos de celebridades, ele dará palestras
sobre o tema no Brasil em agosto, só para profissionais, durante o Fórum PhotoImageBrazil
"09. Mas avisa: "Minha prioridade não é o artista, mas fazer
uma foto interessante que se
conecte com a música".
PHOTOIMAGEBRAZIL "09
Quando: de 11/8 a 13/8
Onde: Centro de Exposições Imigrantes (rod. dos Imigrantes, km
1,5, tel. 0/xx/11/5051-1136)
Quanto: grátis para cadastramento
prévio de profissionais pelo site
www.photoimagebrazil.com.br
Classificação: 16 anos
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