Maestro alemão altera disposição da OSB no palco do recém-reformado teatro carioca, para contornar problema

Hoje, regente volta a se apresentar no teatro; "deficiências são as mesmas que antes da reforma", diz consultor

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Velho conhecido do público brasileiro, o maestro alemão Kurt Masur, 83, está no Rio de Janeiro para comandar a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) na integral das sinfonias de Brahms.
Após dirigir as duas primeiras sinfonias de Brahms, na sexta passada, ele elogiou a OSB, mas criticou a acústica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, reinaugurado em maio, após quase dois anos de uma reforma que custou R$ 70 milhões.
"Renovaram a sala, mas não renovaram o palco. Na Sala São Paulo é bem melhor", disse o maestro, que alterou a disposição da orquestra no palco, em razão das deficiências acústicas.
"A concha acústica que projetamos ainda não foi instalada. Eventuais deficiências são as mesmas que antes da reforma", diz José Augusto Nepomuceno, consultor de acústica da reforma.
De acordo com o consultor, o teatro "está atento a ajustes necessários" e programou "testes de resposta acústica que devem ser iniciados em até 15 dias".
Masur retorna ao Municipal hoje à noite para fazer a terceira e a quarta sinfonias de Brahms. Às 18h de quinta, ele dá masterclass para jovens regentes e, no sábado, às 16h, divide o palco com seu filho Ken-David Masur, maestro residente da Sinfônica de San Antonio (EUA).
Será um programa constituído de obras que celebram o amor, como "Romeu e Julieta", de Tchaikovski, e as "Danças Sinfônicas de West Side Story", de Gershwin.
"Ken mudou de carreira tanto como se fosse um carioca", diz o pai. "Foi menino cantor, tocou trompete, teve aulas de canto com o barítono Thomas Quasthoff", cita.
"Vocês verão uma diferença de duas gerações, porque ele podia ser meu neto", afirma. Ken-David tem 33 anos. "O estilo, evidentemente, é similar, mas ele não é uma cópia de mim regendo."

O jornalista IRINEU FRANCO PERPETUO viajou ao Rio de Janeiro a convite da OSB.

Colaborou AMANDA QUEIRÓS