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BEST-SELLER NA MIRA
Biografia explora origem de Hendrix
CHARLES SHAAR MURRAY
DO "INDEPENDENT"
Depois de sua biografia definitiva de Kurt Cobain, o
líder atormentado do Nirvana
("Heavier Than Heaven - Mais
Pesado que o Céu", ed. Globo),
Charles R. Cross agora se volta
para Jimi Hendrix. Três décadas
e meia depois de sua morte em
Londres, o impacto impressionante deixado por sua carreira
de apenas quatro anos colocou
Hendrix em um lugar de destaque no panteão do rock.
Como compositor e músico
instrumental, ícone dos anos 60
e cruzamento entre raiz negra e
juventude branca, ele foi -e
continua sendo- uma figura
única e fascinante. Assim como
continua sendo alvo de várias
biografias. As obras fundamentais continuam sendo "Scuse me
While I Kiss The Sky" (me perdoe enquanto beijo o céu), de
David Henderson, excepcional
pela sua empatia, imaginação e
insistência ao tratar da influência afro-americana; e "Electric
Gypsy" (cigano elétrico), de
Harry Shapiro e Caesar Glebeek,
considerada uma biografia de
peso pelos detalhes e pelo cuidado com que foi escrita.
Agora Cross chega ao primeiro plano. Ele não pode atingir a
profundidade de compreensão
de Henderson, ou a solidez e os
detalhes de Glebeek. E pode
acrescentar pouco ao que se sabe sobre o que aconteceu a Hendrix depois de sua "descoberta"
em Greenwich Village e seu sucesso posterior, exceto por uma
anedota deliciosa: quando um
"pub" de Liverpool se recusou a
servi-lo, em 1967. Hendrix ficou
imaginando se isso tinha acontecido porque era negro, ou porque era um roqueiro hippie. Nenhuma das duas razões: havia
um circo na cidade e era norma
do "pub" proibir a presença de
palhaços fantasiados.
A verdadeira força do livro de
Cross está na exploração do histórico familiar de Hendrix. A
pesquisa avança por várias gerações de ancestrais africanos, europeus e índios, assim como pela dura realidade de pobreza, álcool e incertezas. Jimi nunca teve três refeições diárias em casa
até entrar para o Exército.
A relação problemática dos
pais, Al e Lucille, levou Jimi a
passar a maior parte de sua infância com parentes e vizinhos.
Em 1995, depois de uma longa
batalha jurídica, a família Hendrix (representada em primeiro
lugar por Janie Hendrix, filha de
Al em seu segundo casamento)
conseguiu conquistar novamente o controle sobre o espólio
de Hendrix. O julgamento foi
saudado -por este escritor entre vários outros- como um
triunfo da justiça. Isso apesar da
desconfortável constatação de
que a lista dos beneficiários não
inclui nenhum dos descendentes vivos de Lucille Hendrix.
Nem inclui qualquer dos músicos que tocaram nos discos de
Hendrix.
Os restos mortais de Lucille
Hendrix, que inspirou tantas
canções de seu filho, permanecem num túmulo pobre, a poucos passos de onde o corpo de
Hendrix repousou até ser removido recentemente para um novo e esplêndido memorial. O relato de Cross seria, eu suspeito,
tão desconfortável para Jimi
Hendrix quanto é para o leitor.
Room Full of Mirrors: A Biography of Jimi Hendrix
Autor: Charles R. Cross
Editora: Sceptre
Quanto: 18,99 libras (R$ 83); 372 págs.
Onde comprar: www.amazon.co.uk
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